"Os participantes colocaram uma marca indelével no calendário para eleições nacionais em 24 de dezembro deste ano. Esta decisão foi amplamente apoiada por seus compatriotas e é um compromisso que deve ser mantido a todo custo", afirmou Stephanie Williams, que ainda lidera as negociações, apesar da recente nomeação de seu sucessor à frente da missão da ONU na Líbia (Manul), o eslovaco Jan Kubis.
Williams falou para 75 delegados que, após ouvirem o hino nacional da Líbia, reuniram-se em uma sala de conferências, cujo local permanece secreto.
"O povo líbio apoia vocês. Apoia e deseja sucesso. Precisa que tenham sucesso. Não o decepcione", disse Williams.
Os delegados de todos os partidos têm até sexta-feira para escolher as personalidades de uma lista de 45 candidatos revelada no sábado pela Manul.
Os candidatos começaram se apresentando por videoconferência e respondendo a perguntas, cada um com um total de 20 minutos.
Os delegados "vão votar para eleger o Conselho Presidencial, que será composto por três membros e um primeiro-ministro, coadjuvado por dois vices", segundo a ONU.
Este conselho de transição terá como missão "reunificar as instituições do Estado e garantir a segurança" até às eleições.
A Líbia está mergulhada no caos desde a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011, após uma revolta popular.
Duas autoridades disputam o poder: de um lado, no oeste, o Governo de Unidade Nacional (GNA) de Fayez al-Sarraj, reconhecido pela ONU e apoiado pela Turquia; de outro, um poder personificado por Khalifa Haftar, o homem forte do leste do país, apoiado, sobretudo, pela Rússia e pelos Emirados Árabes Unidos.
- Retomada da produção de petróleo -
Após o fracasso de uma ofensiva lançada pelo marechal Haftar em abril de 2019 para conquistar Trípoli - após mais de um ano de combates às portas da capital -, os dois lados concluíram um cessar-fogo em outubro e retomaram o diálogo, incentivados pela ONU.
Desde então, a produção de petróleo, um setor-chave da economia, teve uma recuperação significativa.
O diálogo inter-líbio começou na Tunísia em novembro de 2020 em uma tentativa de tirar o país da crise.
A lista de candidatos ao Conselho Presidencial, que inclui três mulheres, foi aprovada pelos participantes do diálogo.
No oeste, o poderoso ministro do Interior do GNA, Fathi Bachagha, concorre ao cargo de primeiro-ministro, assim como o empresário e vice-presidente do Conselho Presidencial Ahmed Meitig.
O presidente do Conselho Superior do Estado (equivalente a uma câmara alta), Khaled Al-Mechri, concorre como candidato ao Conselho Presidencial.
No leste, o advogado e presidente do Parlamento de Tobruk, Aguila Saleh, está concorrendo a primeiro-ministro.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou os progressos nas negociações, mas reiterou seu apelo à saída dos militares e mercenários estrangeiros presentes no país. Eles deveriam ter deixado o território até 23 de janeiro, em virtude do acordo de cessar-fogo.
GENEBRA