Os dois países reivindicam soberania sobre o Esequibo, território de 160 mil quilômetros quadrados rico em recursos naturais, um antigo conflito que se intensificou quando a americana Exxon Mobil descobriu petróleo na região em 2015.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, entregou uma nota de protesto ao encarregado de negócios da Guiana, Robert McKenzie, nesta terça-feira, na qual chama de "difamação" as acusações do governo vizinho de que as embarcações foram interceptadas na zona econômica exclusiva da Guiana.
Caracas, em nota, defendeu o que chamou de "atividade de custódia legítima da Marinha Nacional" com "a interceptação de dois navios guianenses, batizados de 'Nady Nayera' e 'Lobo do Mar', e a consequente apreensão da tripulação".
A Guiana informou na segunda-feira que também apresentou um protesto formal sobre a detenção "ilegal" da tripulação pesqueira, reiterando seu pedido de "libertação imediata".
O Ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, entregou a nota ao encarregado de negócios da Venezuela em Georgetown, Moses Chávez, e "reiterou o compromisso da Guiana com a Corte Internacional de Justiça -CIJ- como meio de encerrar a polêmica fronteiriça".
Todd e Arreaza tiveram uma reunião virtual na segunda-feira, segundo o comunicado venezuelano.
Um país tem em sua zona econômica exclusiva (espaço de até 200 milhas náuticas -370 km- do limite do mar territorial) soberania para explorar os recursos naturais, mas terceiros têm liberdade para navegar e sobrevoar o território.
A Guiana defende um limite estabelecido em 1899 por um tribunal arbitral de Paris, enquanto a Venezuela reivindica o cumprimento do Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência da Guiana, que estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulou o tratado anterior.
A CIJ decidiu em dezembro, a pedido da Guiana, ter jurisdição na matéria, uma decisão que a Venezuela rejeita.
CARACAS