"A Europa investiu bilhões para desenvolver as primeiras vacinas contra a covid-19. Agora, as empresas devem manter suas promessas e honrar suas obrigações", afirmou Von der Leyen, em um discurso por videoconferência no Fórum Econômico Mundial de Davos.
Já no limite após dificuldades na distribuição da vacina da a primeira a ser implantada na UE, Bruxelas está sob pressão após o anúncio de novos atrasos para entrega da vacina britânica da AstraZeneca, devido a uma "queda no rendimento" em uma fábrica.
Enquanto a autorização da entidade regulatória europeia para a vacina AstraZeneca é esperada na sexta-feira, Von der Leyen telefonou para o chefe do laboratório na segunda para lembrá-lo de "que a UE investiu quantias significativas (...) precisamente para garantir que a produção aumentasse" antes da comercialização.
"Por isso, vamos montar um mecanismo de transparência nas exportações de vacinas", visando a identificar as entregas fora da UE de doses produzidas na Europa, lembrou a chefe do Executivo europeu em seu discurso nesta terça.
Ela também voltou a ressaltar que Bruxelas está ajudando a promover a implantação da vacinação em escala global.
"Devido às cadeias produtivas planetárias, a saúde dos nossos cidadãos e a recuperação econômica global andam de mãos dadas (...) Na aliança Covax, a UE, junto com 186 Estados, garantirá milhões de doses para países de baixa renda", disse.
"Nenhuma empresa privada, ou autoridade pública, pode atingir o desenvolvimento tão rápido de uma vacina por conta própria", observou Von der Leyen, destacando que a parceria público-privada deve ser um modelo para "grandes riscos futuros".
Nesse sentido, a UE propôs em novembro passado a criação de uma nova autoridade, equivalente à Autoridade para Pesquisa Biomédica Avançada e Desenvolvimento (Barda) nos Estados Unidos, que tem meios colossais para colaborar com laboratórios.
Essa agência, chamada Autoridade de Resposta a Emergências de Saúde (HERA), que poderia ser operacional a partir de 2023, seria dedicada a estabelecer parcerias público-privadas com a indústria farmacêutica e com organizações de pesquisa, para melhor antecipar e enfrentar as próximas crises de saúde.
Um "programa de preparação de biodefesa" público-privado seria estabelecido dentro da HERA, explicou Ursula von der Leyen, nesta terça-feira.
Este programa "permanente" seria "pró-ativo, porque não podemos esperar que a próxima pandemia comece a se preparar", afirmou.
"Será inteiramente dedicado à descoberta de patógenos conhecidos e emergentes, bem como ao desenvolvimento e produção de vacinas em escala suficiente para lidar com isso", completou ela.
A presidente da Comissão garantiu ainda que serão disponibilizados "financiamentos previsíveis e de longo prazo" e que a iniciativa "reunirá empresas de tecnologia que lideram a inovação, assim como empresas tradicionais" do setor, ao lado dos órgãos reguladores.