Lewandowski determinou que Pazuello, 58, seja interrogado pela Polícia Federal nos próximos dias e fixou um prazo de dois meses para a conclusão das investigações, segundo a instituição. Concluída essa fase, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidirá se existem elementos suficientes para pedir que o ministro seja processado.
A PGR solicitou a investigação de Pazuello por suposta omissão na crise que provocou dezenas de mortes por asfixia nos hospitais da capital amazonense devido ao desabastecimento de oxigênio. O procurador-geral, Augusto Aras, cita documentos apresentados pelo próprio Ministério da Saúde, que admitiu ter sido alertado para a "falta de oxigênio iminente" pela empresa fornecedora no último dia 8 e ter iniciado a distribuição desse insumo "apenas em 12 de janeiro".
No Natal, o ministro já estava ciente do aumento do número de infectados em Manaus, mas enviou representantes da pasta à cidade amazônica apenas uma semana depois, destacou o procurador, que também descreveu atrasos no início da transferência de pacientes para outros estados. Pazuello "tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar" o impacto da crise, e o possível atraso apontado "pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa criminal", assinalou Arias em seu pedido.
O Amazonas, que já havia sofrido um colapso em abril e maio passados, sofre com um novo fortalecimento da pandemia, que, segundo especialistas, pode ter sido agravada pelo surgimento de uma variante local possivelmente mais contagiosa. O número de mortes diárias disparou desde o começo do ano, superando várias vezes a marca de 100 na última semana.
A crise tornou o Amazonas o estado brasileiro com mais mortes acumuladas proporcionalmente: 174 a cada 100 mil habitantes, frente à média nacional, de 104.
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