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Estado de Minas MADRI

Símbolo espanhol do combate ao coronavírus renuncia em plena terceira onda


25/01/2021 13:21

Símbolo da luta contra a covid-19 na Espanha, o ministro da Saúde deixa o cargo em meio a uma escalada de infecções para disputar as eleições na Catalunha.

Salvador Illa ocupou a função por um ano dedicado a conduzir a estratégia contra a pandemia.

Sua gestão lhe rendeu grande visibilidade com os seus frequentes discursos televisivos sobre a situação da saúde, mas também a duras críticas, porque a Espanha é um dos países europeus com números mais assustadores: perto de 56.000 mortos e 2,5 milhões de casos.

"Houve detratores e defensores, como qualquer ministro que tem de administrar uma situação tão complexa, ainda mais em um estado descentralizado como a Espanha" onde as regiões são competentes em matéria de saúde e o Ministério carece de maiores poderes, resume à AFP a cientista política da Universidade de Zaragoza, Cristina Monge.

O principal trunfo do político catalão é o seu "comportamento calmo, comunicativo e sereno", afirma Monge.

Algo que ficou em evidência em junho quando o político surpreendeu durante uma prestação de contas na Câmara dos Deputados, agradecendo a cada uma das intervenções da oposição.

Mas do ponto de vista estritamente sanitário, "a Espanha é um dos países com pior desempenho" em relação ao coronavírus, indicou Salvador Macip, pesquisador das Universidades de Leicester e Abierta de Catalunya.

Macip no entanto reconhece que "é muito difícil atribuir a culpa" apenas a Illa em um país tão descentralizado como a Espanha.

Macip, que julga como um "grande erro" flexibilizar as restrições durante as festa de final de ano, critica Illa por deixar o cargo em plena terceira onda. "Se você está realmente fazendo um bom trabalho, tem a responsabilidade de ficar até o fim", avalia.

- Do comando central à corresponsabilidade -

Illa tem uma "liderança pública baseada na humildade, capacidade de trabalho e determinação", defendeu nesta segunda-feira(25) o presidente do Governo, o socialista Pedro Sánchez, que o incluiu em seu executivo em janeiro de 2019 para construir pontes com os independentistas catalães e superar as tensões que tiveram seu pico na tentativa fracassada de secessão em 2017.

Mas o processo catalão foi rapidamente paralisado na eclosão da pandemia, o que levou este graduado em Filosofia de 54 anos a liderar uma estratégia na qual o governo assumiu a responsabilidades pela saúde e decretou um confinamento domiciliar estrito entre março e junho, na primeira onda.

A partir do verão, o governo dissolveu o comando central e "transferiu a responsabilidade da gestão" para as regiões, para torná-las "corresponsáveis" e "pulverizar o desgaste potencial de números ruins", disse Pablo Simón, professor de Ciências Políticas na Universidade Carlos III de Madrid.

Mas o governo continua tendo a última palavra em medidas que restringem os direitos fundamentais, como um novo confinamento ou antecipação da hora do toque de recolher noturno, algo que Illa recusa categoricamente.

O ministro alega que as regiões já contam com as ferramentas necessárias, como a decisão de fechar o turismo ou a quantidade de pessoas que podem atender.

Uma posição que lhe rendeu críticas tanto da oposição quanto de epidemiologistas.

"Illa é o pior ministro da Saúde da Europa", disse o chefe do Partido Popular (à direita), Pablo Casado, em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal La Vanguardia.

Apesar de tudo, Illa é um dos "ministros mais valiosos do governo", diz o analista Pablo Simón.

Isso explicaria por que os socialistas o escolheram como candidato à presidência da Catalunha nas eleições regionais de 14 de fevereiro, quando o partido de Pedro Sánchez poderia chegar à primeira posição, segundo pesquisas.


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