"São necessárias mais pesquisas no futuro para analisar a eficácia do anakinra em grupos de pacientes com uma infecção mais grave por covid-19", destacou em um comunicado a AP-HP (Assistência Pública - Hospitais de Paris), onde foi realizado o ensaio.
O estudo, cujos resultados são publicados na revista médica The Lancet Respiratory Medicine, foi realizado com 116 pacientes de 16 hospitais franceses.
O critério exigido foi que tivessem sido "hospitalizados com pneumonia por covid-19 média ou moderada", com administração de oxigênio, mas sem receber "ventilação".
Destes doentes, 59 receberam anakinra além do tratamento normal e 57, não.
Depois de quatro dias, "21 (36%) dos 59 pacientes do grupo do anakinra tinham piorado contra 21 (38%) dos 55 pacientes do grupo sob tratamento habitual".
Depois de 14 dias, "28 (47%) dos 59 pacientes do grupo do anakinra e 28 (51%) dos 55 pacientes do grupo sob tratamento habitual precisaram de ventilação não invasiva ou mecânica, ou morreram".
Após 90 dias, "16 (27%) pacientes do grupo do anakinra e 15 (25%) pacientes do grupo sob tratamento habituam haviam morrido".
"Estes resultados demonstram que o anakinra não melhorou a evolução dos pacientes com pneumonia por covid-19 média ou moderada", diz a AP-HP.
"O ensaio terminou prematuramente por recomendação do comitê de vigilância e acompanhamento de dados", o organismo que supervisiona cada ensaio clínico.
No final de outubro, a Agência Francesa de Medicamentos (ANSM) anunciou a suspensão de outro ensaio clínico que avaliava o anakinra porque teria sido detectada uma mortalidade elevada inexplicável entre os pacientes tratados, segundo dados preliminares.
Mas em dezembro, a ANSM afirmou que, após a análise de mais dados, este risco "não estava confirmado" e levantou a suspensão.