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Estado de Minas LONDRES

Duras penas de prisão em Londres para culpados da morte de 39 migrantes vietnamitas


22/01/2021 14:37 - atualizado 22/01/2021 14:43

A Justiça britânica condenou, nesta sexta-feira (22), a penas de até 27 anos de prisão vários homens envolvidos no tráfico de pessoas que em outubro de 2019 culminou na morte de 39 migrantes vietnamitas dentro de um caminhão.

"A vontade das vítimas de tentar entrar ilegalmente no país não é desculpa para o que aconteceu com elas", afirmou o juiz Nigel Sweeney ao anunciar as sentenças de 27 e 20 anos respectivamente para os organizadores do tráfico, Gheorghe Nica e Ronan Hughes, e de 18 e 13 anos e quatro meses para os caminhoneiros Eamonn Harrison e Maurice Robinson.

Outros três homens envolvidos foram sentenciados a entre três e sete anos de prisão.

Em uma tragédia incomum no Reino Unido que comoveu o país, em 23 de outubro de 2019 os corpos de 31 homens e oito mulheres, entre eles dois adolescentes de 15 anos, foram encontrados dentro de um caminhão estacionado em uma área industrial ao leste de Londres.

O caminhão havia chegado de barco do porto belga de Zeebrugge e, dentro dele, os migrantes morreram por asfixia e hipertermia devido às altas temperaturas.

"Mamãe, papai, amo muito vocês. Estou morrendo, não consigo mais respirar", escreveu uma das vítimas, Pham Thi Tra My, de 26 anos, em um SMS arrepiante enviado aos seus familiares horas antes dos corpos serem encontrados.

"Houve tentativas desesperadas de contatar o exterior por telefone e de quebrar o teto do contêiner", destacou o juiz Sweeney ao anunciar as condenações.

- Esperança de uma vida melhor -

O irlandês Harrison, que estacionou o caminhão em Zeebrugge em 22 de outubro, afirmou no julgamento que ignorou a presença de 39 pessoas em seu interior.

Mas essa não foi a primeira vez que ele foi descoberto transportando migrantes. Em maio de 2018, a polícia fronteiriça o prendeu quando levava 18 vietnamitas sentados em caixas de waffles em seu caminhão. Naquele momento, ele disse estar surpreso com a descoberta.

Nica também negou as acusações. Por outro lado, Hughes e Robinson desde o início se declararam culpados. Este úlotiom dirigia o caminhão na Inglaterra quando descobriu as mortes e pareceu visivelmente afetado.

Várias vítimas deste drama vinham de uma região pobre do centro do Vietnã, onde as famílias se endividam por milhares de dólares para conseguir enviar um dos seus ao Reino Unido, através de redes clandestinas, com a esperança de que encontrem um emprego bem remunerado.

Os migrantes pagaram até 13.000 libras (18.000 dólares, 14.000 euros) por um serviço "premium" que consistia no caminhoneiro estar ciente de sua presença no veículo.

Os condenados "ganharam dinheiro com a miséria", reagiu Daniel Stoten, responsável policial que liderou a investigação. Eles transportaram os migrantes por "milhares de quilômetros para a falsa promessa de uma nova vida" em condições em que "não transpotaríamos animais".

A tragédia expôs os potenciais perigos da imigração ilegal, com traficantes sem escrúpulos que se aproveitam da vulnerabilidade dos candidatos, muitos dos quais acabam trabalhando em salões de beleza ou plantações ilegais de cannabis no Reino Unido em condições de semi-escravidão.

Sete pessoas foram condenadas em 15 de setembro no Vietnã pela participação neste tráfico.

Um tribunal da província de Ha Tinh ditou penas de entre dois e meio e sete anos e meio de prisão contra quatro vietnamitas, de entre 26 e 36 anos, culpados de participar em diferentes níveis "na organização de tráfico ilícito de migrantes".

Outros três membros do grupo foram condenados à prisão com suspensão de pena.

Investigações também foram abertas na França e Bélgica. Treze suspeitos foram indiciados em cada um desses países graças a uma grande operação policial internacional.


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