Jornal Estado de Minas

MOSCOU

Polícia russa prende aliados do opositor Navalny antes de fim de semana de protestos

As autoridades russas prenderam cinco colaboradores do opositor Alexei Navalny nesta quinta-feira (21), antes de um fim de semana de protestos convocados após uma investigação que acusa o presidente Vladimir Putin de corrupção.



Divulgada na terça-feira, essa longa investigação promovida por Navalny, acompanhada de um vídeo de quase duas horas, já foi vista cerca de 40 milhões de vezes no YouTube. A apuração indica que o presidente russo foi beneficiado por empresários com uma luxuosa casa às margens do Mar Negro.

O Kremlin rejeitou todas as acusações, denunciando um "ataque" contra Putin e chamando os membros da equipe de Navalny de "vigaristas".

A polícia prendeu Liubov Sobol, uma figura próxima de Navalny, por "convocar manifestações não autorizadas", além de outros colaboradores, disse à AFP seu advogado, Vladimir Voronin.

- Milhões de visitas -

A divulgação do vídeo impulsionou milhares de postagens nas redes sociais em apoio ao chamado para manifestações em toda a Rússia no sábado pela libertação do opositor.

Os jovens foram mobilizados principalmente no Tik Tok.



A equipe de Navalny também disse à AFP que recebeu quase 10 milhões de rublos (112.000 euros) em doações.

O opositor, ignorado pela mídia nacional tradicional, dispõe de grande popularidade e audiência online entre as gerações mais jovens e nas grandes cidades.

Em Moscou, ele reuniu grandes multidões antes das polêmicas eleições locais de 2019.

- "Atividades ilegais" -

Diante dos pedidos de mobilização, o Ministério Público russo anunciou medidas para "limitar o acesso a informações ilegais" disseminadas online e constituindo "apelos para participação em ações ilegais em massa em 23 de janeiro de 2021".

A agência de telecomunicações russa Roskomnadzor emitiu um alerta às plataformas Tik Tok e Vkontakte, o equivalente russo do Facebook, instruindo-as a bloquear conteúdos considerados como apelos a "menores para participarem de atividades ilegais".

A mídia de oposição também noticiou que estudantes russos receberam mensagens de suas universidades dissuadindo-os de participar dessas manifestações.



Após sua prisão no domingo, ao retornar da Alemanha, Navalny convocou manifestações contra o poder em todo o país.

Sua equipe planeja protestos em pelo menos 65 cidades, desde Moscou a São Petersburgo, passando por Khabarovsk no Extremo Oriente russo e Yekaterinburg, nos Urais.

Alexei Navalny, cuja libertação é exigida pela União Europeia e pelos Estados Unidos, foi preso quando retornava a Moscou depois de vários meses de convalescença após um suposto envenenamento que sofreu em agosto na Sibéria.

Ele acusa o Kremlin de ser o responsável, o que Moscou nega.

O principal opositor russo, detido pelo menos até 15 de fevereiro, também é alvo de vários processos judiciais por "difamação", "fraude" e violação das condições de uma pena de prisão suspensa datada de 2014.

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