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Estado de Minas

"Este é o dia da democracia"

Ao ser empossado como o 46º presidente, Joe Biden defende a unidade, promete governar para todos. Ele devolve o país ao Acordo de Paris e à OMS


21/01/2021 04:00 - atualizado 21/01/2021 00:37

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos:
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos: "Nós aprendemos novamente que a democracia é preciosa. A democracia é frágil. Neste momento, meus amigos, a democracia prevaleceu" (foto: Patrick Semansky/AFP/Pool )

Unidade, dignidade, respeito, verdade, liberdade. À sombra do domo do Capitólio, duas semanas depois da invasão à sede do Legislativo, as palavras ressoaram como promessas no discurso de posse de Joe Biden, o 46º presidente dos Estados Unidos. Durante 21 minutos, o democrata, de 78 anos, fez uma defesa da democracia representativa, jurou governar para todos os americanos e acenou com o retorno ao multilateralismo. “Nós aprendemos novamente que a democracia é preciosa. A democracia é frágil. Neste momento, meus amigos, a democracia prevaleceu”, declarou o novo comandante-em-chefe da nação, ante convidados ilustres, como os antecessores Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush, além de congressistas e juízes da Suprema Corte.
 
Biden citou a ascensão do extremismo político, da supremacia branca e do terrorismo doméstico como ameaças que serão derrotadas. “Restaurar a alma e garantir o futuro da América exige mais do que palavras. Requer a mais elusiva de todas as coisas em uma democracia, a unidade”, afirmou. “Este é o dia da América. Este é o dia da democracia. Um dia da história e esperança de renovação e determinação”, destacou.
 
Pouco depois das 17h (19h em Brasília), Biden foi até o Salão Oval da Casa Branca e começou a governar, de forma efetiva. “Não há momento para começar como hoje”, disse a jornalistas, antes de assinar um pacote de 15 decretos executivos, alguns dos quais revertem decisões tomadas por Trump. Entre os mais importantes, estão o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, um tratado assinado por 195 países; a readesão à Organização Mundial da Saúde (OMS); a suspensão do financiamento do muro de segurança construído na fronteira com o México; o fim da proibição à entrada nos EUA de viajantes oriundos de países muçulmanos; e a obrigatoriedade do uso de máscaras em prédios federais.
Enquanto isso, Kamala Harris — a primeira vice-presidente negra e descendente de imigrantes — dava juramento a dois senadores democratas, consolidando o controle governista do Congresso. “Vamos combater as mudanças climáticas de uma forma que não tínhamos tentado até agora”, avisou Biden, depois de assinar os decretos. A decisão foi celebrada pelo presidente francês, Emmanuel Macron: “Somente juntos poderemos enfrentar os desafios de nosso tempo. E juntos poderemos enfrentar o desafio climático, agindo pelo bem de nosso planeta”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o gesto e pediu a Biden a adoção de um plano “ambicioso” contra o aquecimento global.

Juramento Às 11h49 (13h40 em Brasília), ao prestar juramento, com a mão esquerda sobre uma Bíblia datada de 1893, Biden não escondeu a emoção. “Eu, Joseph Robinette Biden Jr., solenemente juro que executarei fielmente o cargo de presidente dos Estados Unidos e farei o melhor do meu dever para preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos. Que Deus me ajude”, afirmou, ao repetir as palavras pronunciadas pelo presidente da Suprema Corte, o juiz John G. Roberts Jr. Pouco antes, a cantora Lady Gaga interpretou o Hino Nacional dos EUA.
 
“Hoje, celebramos a vitória não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia (...) A vontade do povo foi ouvida”, declarou Biden, no discurso de posse. Ele reconheceu que a pandemia deixou milhões de desempregados e fechou centenas de milhares de empresas. “No trabalho que temos pela frente, vamos precisar uns dos outros.” Também ressaltou que “podemos oferecer justiça racial e fazer da América, mais uma vez, a principal força do bem no mundo”. O democrata sublinhou que governará “para todos os americanos”. “A política não tem que ser um fogo terrível, destruindo tudo.”
 
À noite, no evento Celebrando a América, Biden voltou a ressaltar que a democracia prevaleceu e pregou a necessidade de união de todos os norte-americanos. “A democracia é preciosa e mais uma vez a democracia prevaleceu”, disse o presidente no programa de TV. Afirmando estar ali numa posição de humildade, Biden lembrou momentos históricos da América, como a guerra civil, para destacar que “estamos num desses momentos, com pandemia, desemprego, injustiça racial e desafios climáticos. Estamos à altura de superar esse momento como nossos antepassados fizeram?”, disse Biden.
 
Novamente conclamando os norte-americanos à reconciliação, Biden afirmou que as soluções não dependem de uma pessoa só, mas “depende de todos nós”. Ao fim da sua fala, afirmou que vai dar tudo dele para todos os norte-americanos. E convidou os ouvintes a acompanharem “histórias de americanos ordinários que estão fazendo coisas extraordinárias”. “Que Deus abençoe a América, que Deus abençõe nossas tropas”, finalizou.

Análise Professor de ciência política do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Charles H. Stewart III admitiu à reportagem que o tema da unidade era óbvio e avaliou o discurso como desprovido de uma agenda política vibrante. “Os EUA estão divididos ideologicamente; um discurso denso correria o risco de alienar grande número de cidadãos no início do governo”, avaliou. Por sua vez, Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM São Paulo, disse ao EM que a retórica de Biden envolve a necessidade de reconduzir a nação à normalidade e construir consensos. “A condenação que ele fez aos supremacistas brancos e ao terrorismo doméstico mostra o empenho em se voltar contra o radicalismo e a polarização”, onbservou.
 
Diretor do Centro por uma Nova Segurança Americana (CNSA, em Washington) e ex-conselheiro do senador John McCain, Richard Fontaine aponta o apelo à unidade como o principal do discurso. “Isso não me surpreendeu, mas foi muito bem-vindo”, afirmou à reportagem. No âmbito da política externa, ele prevê uma abordagem menos transacional por parte da Casa Branca. “Em vez de 'América em primeiro lugar', de Trump, Biden deverá unir-se a aliados e a parceiros em uma causa comum. O novo governo deseja ser mais multilateral e dar ênfase ao apoio à democracia e aos direitos humanos no exterior.”

Uma primeira-dama diferente

 Jill Biden acena ao lado do marido, Joe, após o juramento: professora em tempo integral (foto: Patrick T. Fallon/AFP)
Jill Biden acena ao lado do marido, Joe, após o juramento: professora em tempo integral (foto: Patrick T. Fallon/AFP)

Antes mesmo da posse do marido como presidente dos Estados Unidos, Jill Biden deu um novo significado a seu papel. Enquanto as primeiras-damas, tradicionalmente cumprem apenas deveres cerimoniais, a “Dra. B”, como é chamada por seus alunos, está decidida a manter seu emprego como professora em tempo integral. Como primeira-dama, a expectativa é que ela trabalhe em questões de educação e relance o Joining Forces, uma missão para reunir famílias de militares, iniciada em 2011, por Michelle Obama e por ela.
 
Em 43 anos de casamento com Joe Biden, Jill sempre foi uma conselheira de confiança do senador por Delaware e ex-vice-presidente nos dois mandatos de Barack Obama. Os Bidens se conheceram em 1975, três anos depois que o senador de Delaware enfrentou o impensável — sua jovem esposa e filha morreram em um acidente de carro. Ele costuma dizer que sua segunda mulher o “recompôs” e também a seus filhos. Joe e Jill se casaram em 1977, e ela se tornou a mãe de Hunter e Beau, que sobreviveram ao acidente. Juntos, eles tiveram uma filha, Ashley.
“Ela me devolveu a vida. É a pessoa mais forte que eu conheço”, elogiou Biden, em um vídeo por ocasião da Convenção Nacional Democrata em agosto. Enquanto criava sua família, sempre apoiando a carreira política do marido, Jill Biden obteve dois diplomas de mestrado e, mais tarde, completou um doutorado em educação. Sem contar Hillary Clinton, que foi senadora por um breve período após a administração de seu marido, Jill Biden será a primeira-dama a seguir sua carreira profissional, caso continue firme na decisão de dar aulas.

As primeiras ações


Saiba quais os decretos executivos assinados por Joe Biden pouco depois da posse

» Retorno ao Acordo de Paris
O pacto assinado em 2015 por 195 países busca mitigar o aquecimento global e impor metas climáticas ambiciosas. O ex-presidente Donald Trump abandonou o acordo em 4 de novembro de 2019

» Volta à Organização Mundial da Saúde
Em julho passado, durante a pandemia da COVID-19, Trump rompeu com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao acusar a entidade de agir em conluio com a China

»  Uso de máscaras
Com o decreto, passa a ser compulsório o uso de máscaras dentro de prédios públicos federais nos EUA. A medida visa reduzir a transmissão da COVID-19

» Imigração
Biden suspendeu o financiamento da construção do muro na fronteira com o México e reverteu a proibição de entrada nos EUA de viajantes de países muçulmanos


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