Em sua audiência de confirmação do Senado, Yellen, de 74 anos, anunciou que os Estados Unidos abordarão "as práticas abusivas, injustas e ilegais da China", em uma coincidência com o presidente Donald Trump.
Em resposta às perguntas do Comitê de Finanças do Senado em sua audiência de confirmação, Yellen observou que a China tem prejudicado as empresas americanas com uma série de políticas, incluindo subsídios ilegais, dumping (venda abaixo do custo) de produtos, roubo de propriedade intelectual e barreiras à entrada de produtos norte-americanos.
"Estamos preparados para usar toda a gama de ferramentas" disponíveis para responder, disse ele após anos de guerra comercial entre o governo Trump e Pequim.
Pequim implementa políticas que lhe dão uma vantagem "injusta", lamentou.
Donald Trump "estava certo" em ter uma "posição mais firme perante a China", admitiu Antony Blinken, futuro secretário de Estado de Biden, embora criticasse os métodos do presidente que está deixando o cargo.
"O princípio básico estava correto", disse ele aos senadores sobre a firmeza demonstrada pelo governo que deixa Pequim. "Devemos enfrentar a China com uma posição de força, não de fraqueza", disse ele, observando que isso implicava "trabalhar com aliados ao invés de denegri-los, participar e liderar instituições internacionais" ao invés de abandoná-los.
Trump, por sua vez, defendeu seu balanço um dia antes de deixar a Casa Branca, considerando que seu governo "uniu as nações do mundo para enfrentar a China como nunca antes".
Em nome de empresas e trabalhadores, Trump lançou uma guerra tarifária contra a China em 2018. O conflito já dura dois anos, com a assinatura de um acordo que reduziu as tensões em janeiro de 2020.
No âmbito deste pacto, a China se comprometeu a aumentar as compras de produtos dos EUA em 200 bilhões de dólares em 2020 e 2021. Mas as tarifas de 25% são mantidas sobre muitos produtos chineses e componentes industriais, por cerca de 250 bilhões de dólares, e medidas recíprocos da China em cerca de 100 bilhões de importações dos Estados Unidos.
Washington mudará a abordagem, no entanto: não enfrentará mais a China sozinho.
"Vamos trabalhar com os nossos aliados", disse Yellen, se referindo em particular à União Europeia, que também denuncia as práticas comerciais chinesas.
Uma forma de se aproximar dos europeus será resolver rapidamente as disputas com Bruxelas.
- Abordagem para a UE -
Yellen defendeu assim um imposto internacional sobre os gigantes do mundo digital, em discussão na OCDE.
Esse imposto "permitiria o recebimento de uma parcela justa das empresas". Além disso, permitiria "manter a competitividade das nossas empresas diminuindo os incentivos (...) às atividades offshore (fora das fronteiras) que certamente não queremos recompensar", acrescentou.
A administração de Donald Trump, que se opôs a um imposto sobre essas empresas do setor digital, falhou nas negociações no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para aplicar essa taxa internacionalmente.
O governo Trump ameaçou a França com retaliação na forma de tarifas adicionais sobre produtos icônicos como o champanhe, em resposta aos impostos franceses pendentes de medidas fiscais da OCDE. Mas eventualmente Washington desistiu de sua aplicação.
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