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Estado de Minas VADO HONDO

Guatemala bloqueia sonhos de caravana migrante de Honduras para os EUA


19/01/2021 12:26 - atualizado 19/01/2021 12:56

Milhares de hondurenhos que marchavam em caravana para os Estados Unidos começaram a retornar para seu país na segunda-feira (18), depois de serem contidos e reprimidos pela polícia na Guatemala, país que adiou, por ora, seus sonhos de terem melhores condições de vida.

Um contingente policial e militar avançou sobre a multidão, que se deslocava a pé, fazendo com que muitos migrantes retrocedessem, e outros corressem, dispersando-se pelo território guatemalteco.

"Não estávamos roubando, somos boas pessoas. Só queremos passar", disse Angie, uma migrante de Honduras, 21 anos, à beira das lágrimas. Assim como milhares de compatriotas, ela busca nos Estados Unidos melhores oportunidades econômicas.

Nesse momento, cerca de 4.000 pessoas permaneciam no grupo, das 9.000 que teriam ingressado com a caravana.

- Retorno

Angie estava conformada em retornar à fronteira com Honduras para tentar documentar sua entrada e apresentar um teste negativo para covid-19, requisitos que as autoridades guatemaltecas exigem para entrar no território. "Quero continuar para os Estados Unidos, não quero ficar na Guatemala", frisou.

Durante a fuga, vários migrantes tentaram atirar pedras nos policiais, que responderam disparando gás lacrimogêneo para continuar a afastá-los em direção à fronteira com Honduras, localizada a uns 50 quilômetros de distância.

Outras 800 foram contidas em uma cidade vizinha, e os que se dispersaram estão sendo identificados e devolvidos.

Após o tumulto, que deixou migrantes e oficiais feridos, a caravana se dissipou na fronteira e vários optaram pelo "retorno voluntário", informou Alejandra Mena, porta-voz da Migração da Guatemala.

"As pessoas que integravam a caravana estão sendo devolvidas de maneira ordenada (...) A maioria está retornando voluntariamente por El Florido", posto fronteiriço por onde entraram na sexta-feira passada, após romperem o cerco policial.

- Diálogo esgotado -

As forças de segurança agiram após esgotarem o diálogo com os migrantes, aos quais foi pedido que abrissem passagem para permitir o avanço do transporte de cargas, cujas mercadorias corriam o risco de estragar. Ao contrário, um grupo apreendeu momentaneamente três caminhões e tentou abrir caminho lentamente, constatou uma equipe da AFP, o que desencadeou a ação da polícia.

O clima já era pesado desde domingo, quando os caminhantes tentaram avançar e foram reprimidos com gases e espancados pelos militares.

"Se tivéssemos dinheiro não estaríamos indo para o norte (EUA). Eles nos tratam como cachorros, não tem que ser assim", disse outra mulher, que levava consigo duas meninas, segurando uma em cada mão.

- Sombra da Covid-19 -

Os uniformizados agiram ante o risco de contágio da covid-19, conforme decreto do presidente Alejandro Giammattei, que autoriza o uso da força, recurso rejeitado por organizações de direitos humanos.

Vinte e uma pessoas do grupo que passaram pelos pontos de controle de saúde testaram positivo para o vírus e devem ficar em quarentena na Guatemala antes de retornar ao seu país, segundo o Ministério da Saúde.

Os migrantes hondurenhos alegam que fogem da violência, pobreza, do desemprego e da falta de educação e saúde, e responsabilizaram por essa situação o presidente Juan Orlando Hernández. A crise foi agravada pela pandemia e pela destruição causada pelos furacões Eta e Iota em novembro passado.

O êxodo hondurenho começou na madrugada da sexta-feira de San Pedro Sula e os caminhantes já dão sinais de cansaço. Durante o dia, uma pequena caravana de 300 salvadorenhos entrou no país sem apresentar documentos ou prova negativa de cobiça.

- Acusações -

A caravana gerou tensão entre Guatemala e Honduras, a ponto de Tegucigalpa apelar ao país vizinho para a ação repressiva das forças de segurança contra os migrantes e solicitar a investigação dos fatos. A Guatemala, por sua vez, acusou Honduras de não cumprir os acordos "fechados em semanas anteriores" entre autoridades dos países do norte da América Central, México, Estados Unidos e agências da ONU para que impedisse a caravana, anunciada no começo de janeiro.

O grupo diz ter esperança em um relaxamento das políticas de imigração nos Estados Unidos após o presidente eleito, Joe Biden, tomar posse, na próxima quarta-feira. Washington descartou essa possibilidade.

"Instamos Honduras a avaliar e fortalecer as medidas de controle de fronteira e protocolos de saúde para prevenir futuras caravanas", disse Michael Kozak, vice-secretário de Estado em exercício para o Hemisfério Ocidental.

Desde outubro de 2018, mais de uma dezena de caravanas, algumas com milhares de migrantes, deixaram Honduras rumo aos Estados Unidos, mas a maioria fracassou devido à intensificação dos controles.

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