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Estado de Minas VADO HONDO

Caravana migrante é bloqueada na Guatemala por confronto com forças de ordem


17/01/2021 19:02 - atualizado 17/01/2021 19:31

Milhares de migrantes que entraram a pé no leste da Guatemala, em sua viagem de Honduras rumo aos Estados Unidos, foram bloqueados neste domingo (17) pela polícia, que lançou gás lacrimogêneo, e por militares que agrediram os que insistiam em avançar à força.

As forças de segurança cercaram os migrantes em uma estrada de Vado Hondo, no departamento de Chiquimula, fronteira com Honduras. Segundo dados da polícia, estavam lá pelo menos 6.000 das 9.000 pessoas estimadas que entraram na Guatemala.

"Isso é demais (a atitude da polícia). Viemos de forma humilde. Não estamos fazendo mal a ninguém", disse à AFP a hondurenha Marisol Domínguez, de 35 anos. Ela viaja com o marido, fugindo da situação econômica crítica em seu país, agravada pela passagem desastrosa dos furacões Eta e Iota em novembro.

Desde a noite de sábado, os migrantes estão bloqueados neste ponto estratégico a menos de 50 km da fronteira, porque é difícil continuar o trajeto por outro lado devido à geografia do lugar.

Algumas mulheres rezam em voz alta em frente ao muro de militares que as contém, implorando por ajuda divina para continuarem com a travessia, enquanto por alguns momentos os ânimos voltam a se acirrar e os migrantes parecem se preparar para novas tentativas de passar.

- O cerco de Giammattei -

A ordem das forças de segurança é evitar a passagem devido ao risco de contágio da covid-19, conforme um acordo do presidente Alejandro Giammattei, que autoriza o uso da força para conter o êxodo.

Quinhentos militares permanecem em Vado Hondo, parte dos 5.000 homens mobilizados pelas forças de ordem para conter a caravana, disse a jornalistas o coronel Rubén Tellez, porta-voz do Exército.

"Não somos criminosos. Não entendo porque estão nos tratando mal", considerou Carlos, de 26 anos, originário de San Antonio de Cortés e que viaja com a mulher e duas filhas pequenas.

O confronto, no qual vários migrantes ficaram feridos, foi repudiado pelo Procurador de Direitos Humanos, Jordán Rodas, que considerou "deplorável o brutal uso da força".

"A migração é causada porque nos nossos países não existem condições mínimas para uma vida digna", reclamou Rodas, instando as instituições guatemaltecas a "respeitar" a integridade dos migrantes.

Os hondurenhos garantem que querem fugir da violência, da pobreza, do desemprego e da falta de educação e saúde, o que se agravou também pela pandemia.

A caravana também está animada com a esperança de uma possível flexibilização das políticas migratórias nos Estados Unidos, quando o presidente eleito Joe Biden tomar posse em 20 de janeiro.

Mas Washington já descartou essa possibilidade.

"Não percam seu tempo e dinheiro e não arrisquem sua segurança e saúde. É uma viagem mortal", disse o comissário interino do Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos (CBP), Mark A. Morgan.

- "Não têm coração" -

Dixón Vázquez, de 29 anos, um hondurenho de La Lima, no departamento de Cortés, implorou às autoridades guatemaltecas que os deixassem continuar.

"Eles não têm coração, estamos arriscando nossas vidas, não há trabalho em Honduras", afirmou.

Enquanto isso, os jovens noivos Víctor Clemente, de 19 anos, e Gisela Orellana, de 16, decidiram deixar San Pedro Sula, no norte de Honduras, porque metade da região foi afetada pelas tempestades e pela pandemia.

Casados há apenas seis peses, eles querem chegar "ao norte" porque "não têm nada o que fazer" em sua terra natal, contou Víctor.

- Gangues "infiltradas" -

O diretor geral de Migração da Guatemala, Guillermo Díaz, em um vídeo divulgado pela entidade, declarou que os migrantes não passarão. Quem quiser deve fazer o cruzamento legal, com documentos e apresentar exame de coronavírus negativo.

Ele assegurou que, após os incidentes em Vado Hondo, os serviços de "inteligência" institucional detectaram que "elementos infiltrados de maras (gangues) de Honduras e do crime organizado" estão marchando no grupo.

Até o momento, cerca de 1.383 pessoas da caravana foram devolvidas a Honduras, incluindo 192 crianças.

A maior parte do grupo partiu na madrugada de sexta-feira da rodoviária de San Pedro Sula, ponto de partida usual para caravanas de migrantes com destino aos Estados Unidos com milhares de pessoas desde outubro de 2018, embora muitos tenham falhado devido à intensificação da fiscalização.

Se esta caravana conseguir percorrer 450 ou 664 km pela Guatemala, dependendo da rota que escolherem, ela tentará entrar no México pela passagem de Tecún Umán, no sudoeste, que já blindou sua fronteira.


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