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Estado de Minas MOSCOU

Opositor Alexei Navalny detido após voltar à Rússia


17/01/2021 21:59 - atualizado 17/01/2021 22:50

O opositor russo Alexei Navalny foi detido ao chegar em Moscou neste domingo (17), após vários meses de tratamento na Alemanha depois de sofrer um suposto envenenamento em seu país.

Os serviços prisionais russos (FSIN) procuravam desde o final de dezembro pelo carismático ativista anticorrupção e inimigo jurado do Kremlin, a quem acusaram de violar as condições de uma sentença de 2014.

Quando Navalny, 44, estava prestes a entregar seu passaporte no controle de fronteira, junto com sua esposa Yulia, vários policiais o prenderam, confirmaram jornalistas da AFP. "Ele continuará detido até a decisão do tribunal", disse o FSIN.

"Alexei foi detido sem explicações (...) Eles não deixaram eu me aproximar dele" depois de cruzar a fronteira, afirmou sua advogada, Olga Mijailova, à AFP logo após o avião pousar no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou.

Os Estados Unidos "condenam veementemente" a prisão e a consideram "a mais recente de uma série de tentativas de silenciar Navalny e outras figuras da oposição e vozes independentes que criticam as autoridades russas", declarou o secretário de Estado Mike Pompeo.

Por sua vez, o futuro assessor de segurança nacional do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu que Navalny "deve ser libertado imediatamente". Segundo tuíte de Jake Sullivan, trata-se de "uma afronta ao povo russo que quer que sua voz seja ouvida".

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a França pediram a Moscou sua libertação "imediata", enquanto a Lituânia, país da União Europeia (UE), solicitou a "discussão de novas sanções" contra a Rússia e a Polônia instou uma "resposta rápida". O Canadá também pediu sua libertação, classificando a prisão como "inaceitável".

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajarova, reagiu por meio do Facebook, afirmando que os líderes estrangeiros deveriam "respeitar a lei internacional" e "se ocupar com os problemas de seus próprios países".

Na quinta-feira, o FSIN avisou que prenderia Navalny à sua chegada, por ele ter descumprido, enquanto esteve na Alemanha, as condições da sentença de 2014, que o obriga a comparecer pelo menos duas vezes por semana diante da instituição.

Desde o final de dezembro, o opositor também é objeto de uma nova investigação de fraude, sob suspeita de ter gasto 356 milhões de rublos (4,8 milhões de dólares) em doações para seu uso pessoal.

"Aqui estou em casa. Não tenho medo (...) porque sei que tenho razão e que os processos contra mim são completamente montados. Não tenho medo de nada e vocês não devem temer nada", declarou Navalni ao chegar a Moscou, pouco antes de sua prisão.

- "Prisioneiro de consciência" -

Embora ele tenha pousado no aeroporto de Sheremetyevo, sua chegada estava originalmente programada para o aeroporto de Vnukovo, onde dezenas de apoiadores e policiais de choque o esperavam.

A polícia deteve vários de seus aliados ali, incluindo Liubov Sobol, uma figura em ascensão na oposição russa, antes de soltá-los horas depois. Segundo a ONG OVD-Info, 55 pessoas foram presas em Moscou e São Petesburgo.

A ONG Amnistia Internacional estima que a detenção de Navalny fez dele um "prisioneiro de consciência", vítima de uma "campanha implacável" das autoridades russas para "silenciá-lo".

A principal figura da oposição russa entrou subitamente em coma em agosto, quando retornava de uma viagem para a Sibéria. Inicialmente, foi hospitalizado em Omsk, uma grande cidade da região, mas alguns dias depois foi transferido para um hospital de Berlim após a pressão de seus familiares.

Três laboratórios europeus concluíram que o opositor foi envenenado com um agente nervoso do tipo Novichok, desenvolvido na época soviética, uma conclusão que foi confirmada pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OIAC), apesar de Moscou negar as afirmações.

O opositor acusa os serviços especiais russos (FSB) de tentarem assassiná-lo por ordem direta de Vladimir Putin. No entanto, as autoridades russas acusam os serviços secretos ocidentais e até o estilo de vida de Navalny.

Até agora, Moscou se recusa a abrir uma investigação para descobrir o que aconteceu com Navalny, devido à suposta rejeição da Alemanha de compartilhar suas informações com a Rússia.

Berlim anunciou neste sábado que transmitiu a Moscou todos os elementos de sua investigação judicial, como as "atas" dos interrogatórios de Navalny e "amostras de sangue e tecido, assim como pedaços de roupa", mas a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajarova, disse que o envio da Alemanha "não inclui nada realmente" do que a Rússia queria.

Apesar de praticamente ignorado pela imprensa nacional e sem representação no Parlamento, Navalny continua a ser a voz principal da oposição em parte graças ao seu canal no YouTube, que tem 4,8 milhões de assinantes, e à sua organização, o Fundo de Combate à Corrupção (FBK), que denuncia a corrupção das elites.

Apesar das buscas, da pressão e das penas de prisão de Navalny e seus aliados, ele conseguiu organizar várias manifestações seguidas nos últimos anos e causou vários revezes ao poder nas eleições locais.

Sua fama ainda é limitada fora das grandes cidades. Uma pesquisa do centro independente Levada em setembro revelou que apenas 20% dos russos aprovam suas ações.

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