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Estado de Minas PARIS

Contra a pandemia, religiosos confiam mais que nunca em Deus


15/01/2021 11:18

Contra a brutalidade da pandemia do coronavírus, que já cobrou quase dois milhões de vidas em um ano, os fiéis ortodoxos, judeus, cristãos, sikhs e muçulmanos de todo mundo buscam consolo e esperança na oração.

Privados de seus locais de culto e sem poderem se reunir nesses tempos de dor e luto, eles se dirigem ao céu e ao clero.

Em uma rua da Cidade do México, Enriqueta Romero cuida zelosamente de um pequeno santuário dedicado à Santa Morte. Atrás de uma vitrine, está um esqueleto com um véu dourado, cercado de estatuetas e velas.

Este pequeno altar é um dos mais recentes espaços de oração disponíveis na cidade. Mesmo que não esteja totalmente de acordo com o Vaticano, os fiéis comparecem fervorosamente.

"Há muita gente que está fora das igrejas pedindo a Deus que não nos esqueça, pedindo a Deus que leve a doença, porque são muitas necessidades", diz Enriqueta.

"Graças a ela, estou aqui com a saúde que dá a mim e aos meus filhos e não nos deixa sem trabalho. De uma forma, ou de outra, sempre nos ajuda, sempre está conosco", relata Gabriela Rangel, uma vendedora ambulante que veio buscar a proteção da Santa Morte.

O distanciamento social, a proibição das reuniões e o confinamento afetaram profundamente os fiéis de religiões do mundo inteiro.

- Necessidade de improvisar -

Na comunidade israelense ultraortodoxa de Bnei Brak, perto de Tel Aviv, "a rotina inclui três orações diárias, realizadas por ao menos dez fiéis", diz o rabino Nechemia Bluestein. "Tivemos que improvisar", acrescenta.

Em casos de luto, "vemos novos comportamentos, que nunca vimos antes. As pessoas não se visitam mais, ligam, ou enviam uma carta de condolências (...). As pessoas que estão de luto têm que lidar com isso, e é muito difícil", lamenta.

No Templo de São Sava de Belgrado, na Sérvia, o diácono ortodoxo Mladen Kovacevic acredita, no entanto, que o luto é "mais fácil de aceitar para um religioso, que encontrará consolo e paz em sua fé".

"Um sacerdote pode fazer muito pelo seu rebanho", afirma.

No ano passado, a igreja ortodoxa perdeu seu patriarca sérvio Irinej para a covid-19 e, depois, a igreja ortodoxa de Montenegro perdeu o seu, infectado no gigantesco funeral do primeiro.

Em Paris, a ausência de contatos mudou a missão do padre Patrice Sonnier, vigário episcopal da pastoral funerária da diocese da capital francesa.

"Somos muito mais sensíveis à acolhida e ao acompanhamento das famílias neste período de confinamento", comenta.

O presidente do templo sikh Central Gurdwara de Londres, Gurpreet Singh Anand, também insiste no apoio e na ajuda mútua. "Tomamos muito tempo para falar com as pessoas, para garantir que o gurdwara está lá. Para eles, poder vir e visitar o templo é muito importante", explica.

- Serenidade -

A lendária sabedoria das religiões asiáticas permanece viva nesses tempos difíceis.

Na Tailândia, Pakawat Jityomnant, um devoto budista, limitou o funeral de seu pai para "um dia e uma noite", devido à falta de assistência. Mas, "no final, talvez seja só o destino. Alguém pode viver, alguém tem que morrer" com o vírus.

"Desejaria que os budistas tivessem paz mental, sem estarem preocupados, ou estressados [com o vírus]. Todo mundo tem que morrer", diz o sacerdote Thawornthammanusit, no templo de Bang Peng Tai de Bangcoc.

Em Tóquio, o monge Reikou Sasaki do templo Zojoji, elogia a religião como fator de apaziguamento para os fiéis: "Tentamos manter a serenidade em frente ao Buda e sentindo seu espírito misericordioso", afirma.

Às margens do rio Ganges, em Hardiwar (Índia), onde se celebra neste mês o festival Kumb Mela, milhares de pessoas se expõem à contaminação nas escadarias do rio para tomar um "banho real".

"Deus se ocupará dos temores da pandemia. Os humanos cumprem seu dever, e Deus, o dele", disse com fatalismo Sanjay, na capital Nova Délhi.


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