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Estado de Minas TEERÃ

Irã 'não tem pressa' em volta dos EUA ao acordo nuclear


08/01/2021 16:31 - atualizado 08/01/2021 17:31

O Irã não tem urgência de ver os Estados Unidos voltarem ao acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerã e exige, primeiramente, a suspensão das sanções impostas por Washington - declarou o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nesta sexta-feira (8).

A pergunta não é se "os Estados Unidos voltarão, ou não. Não temos pressa e não estamos insistindo para que voltem", disse Khamenei.

"Nossa demanda racional e lógica é que as sanções sejam suspensas", porque "é um direito usurpado da nação iraniana", disse a autoridade, em discurso transmitido pela televisão.

"Estados Unidos e Europa, que seguem os Estados Unidos, têm o dever de respeitar esse direito do povo iraniano", afirmou.

Em 2015, o Irã e o Grupo dos Seis (China, França, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos) chegaram a um acordo em Viena sobre um Plano Conjunto de Ação Global (JCPOA, na sigla em inglês) para resolver a questão nuclear iraniana após 12 anos de tensão.

O acordo oferece ao Irã uma flexibilização das sanções internacionais em troca de limitar drasticamente seu programa nuclear e garantir que não se dotará de uma bomba atômica.

O pacto está em perigo, porém, desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do acordo em 2018, antes de restabelecer e intensificar as sanções econômicas em nome de uma política de "pressão máxima" contra o Irã.

- 'Não é lógico' -

O restabelecimento das sanções deixou o Irã sem os benefícios econômicos que esperava colher com o acordo de Viena, alienando investidores estrangeiros e reduzindo o comércio exterior do país, principalmente suas exportações de petróleo. Todo esse quadro mergulhou o país em uma recessão severa, da qual ainda luta para sair.

Em resposta, desde 2019, Teerã foi, gradualmente, liberando-se da maioria dos compromissos de Viena de pressionar, até agora sem sucesso, os demais sócios do acordo a ajudarem-no a contornar as sanções dos EUA.

A vitória de Joe Biden na eleição presidencial pode significar uma mudança na atitude de Washington em relação a Teerã. O presidente eleito já manifestou, por exemplo, a intenção de fazer os Estados Unidos voltarem ao acordo. Para isso, coloca condições inaceitáveis para o Irã.

Nas últimas semanas, o presidente iraniano, Hassan Rohani, multiplicou os sinais de abertura ao futuro governo americano. Ao mesmo tempo, porém, ele condiciona o retorno dos EUA ao acordo de Viena à suspensão das sanções americanas reimpostas, ou que já estavam em vigor desde 2018.

"Se as sanções forem suspensas, o retorno dos americanos fará sentido", disse Khamenei.

Em caso contrário, "se as sanções não forem suspensas, o retorno dos Estados Unidos não apenas não nos beneficiará, como também pode nos prejudicar".

"Quando uma parte não cumpre nenhuma de suas obrigações, não seria lógico que a República Islâmica respeitasse todos os seus compromissos", acrescentou o líder supremo.

"Se eles voltarem às suas obrigações, nós voltaremos às nossas", garantiu.

O Irã informou várias vezes que voltará a aplicar plenamente o acordo de Viena "imediatamente" se as sanções dos Estados Unidos forem suspensas e o país possa obter os benefícios que espera do acordo.

Sob pressão dos conservadores, que têm a maioria no Parlamento iraniano desde fevereiro, o governo moderado-reformista de Rohani reiniciou esta semana as atividades de enriquecimento de urânio a 20%, nível no qual estava antes do acordo de Viena, o que aumenta a pressão para futuras negociações com Washington.

Inimigos há mais de 40 anos, o Irã e os Estados Unidos estiveram à beira da guerra em duas ocasiões desde junho de 2019, devido às tensões em torno do acordo e por uma escalada militar no Golfo.

- Aniversário da tragédia -

Neste contexto tenso, a Guarda Revolucionária apresentou "uma das bases de mísseis estratégicos da [sua] Marinha", situada às "margens do Golfo Pérsico", publicando fotos e um vídeo, mas sem dar detalhes da localização exata.

O anúncio ocorre um ano depois da tragédia com um Boeing da companhia Ukraine International Airlines, derrubado por dois mísseis pela Guarda Revolucionária, exército ideológico do Irã, pouco depois de sua decolagem, em Teerã.

As 176 pessoas a bordo, iranianas e canadenses na maioria, morreram na tragédia, fruto, segundo as autoridades iranianas, de um "erro".

A catástrofe foi lembrada com menos pompa do que o primeiro aniversário do assassinato do general Qasem Soleimani, morto em 3 de janeiro de 2020 no ataque de um drone dos Estados Unidos em Bagdá.

Em um comunicado conjunto, os países que perderam cidadãos na tragédia (Afeganistão, Canadá, Reino Unido, Suécia e Ucrânia), pediram "encarecidamente" nesta sexta-feira a Teerã que lance luz sobre o ocorrido para fazer "justiça aos familiares das vítimas".


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