(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PARIS

Pierre Cardin e seu amor desmedido pelos licenciamentos


29/12/2020 14:14

Perfumes e cintos, mas também vasilhas, despertadores e móveis: ao longo dessas décadas, Pierre Cardin multiplicou excessivamente os contratos de licenciamento, a ponto de diluir a marca que leva seu nome.

"É muito difícil ter um nome na moda. Por isso, quando temos um, temos que aproveitar", garantiu o célebre estilista em maio de 2019, em entrevista à AFP.

Ele havia afirmado várias vezes que sua marca valia "1 bilhão de euros (1,25 bilhão de dólares)".

"Há a linha (costura), mas também 800 produtos, e se pedirmos pelo menos um milhão por cada produto, já dá 800 milhões de euros (980 milhões de dólares)", explicou em 2011.

Pierre Cardin foi um dos pioneiros da moda a se lançar nos nichos do licenciamento desde a década de 1960 (direito concedido por uma marca a um fabricante, ou distribuidor, de colocar seu nome em seu produto em troca de royalties).

Com o passar dos anos, o estilista e homem de negócios construiu um império que expandiu seu nome ao infinito: camisas, lençóis, água mineral, kits de costura, locais culturais, desenhos, chegando até os produtos do Restaurante Maxim's, do qual era proprietário.

"Me espalhei por todos os domínios, e meu nome inundou o mundo inteiro, graças às minhas licenças que garantem uma verdadeira solidez à empresa", disse.

Em maio de 2019, ele reuniu 350 "licenciados" em seu famoso Palais de Bulles, perto de Cannes, uma residência futurística e cheia de curvas, e apresentou uma nova coleção de 150 modelos para eles.

"China, Argentina, Brasil, México, Austrália e Coreia: os licenciados vieram de todo mundo, porque estamos em toda parte. Pode parecer estranho, mas conheço todos", declarou à AFP alguns dias antes.

- Caso de estudo -

Precursor da globalização, Cardin apostou muito cedo na Ásia para desenvolver seus licenciamentos: pôs os pés na China em 1978, tornando-se um dos primeiros investidores estrangeiros a se estabelecer neste mercado, e também o primeiro estilista ocidental a desfilar em Pequim em 1979.

Em 2009, a marca vendeu uma parte do seu império à China (30 licenciamentos têxteis e acessórios) a parceiros locais por 200 milhões de euros (245 milhões de dólares).

"A ubiquidade matou o interesse pela marca. Com essa multiplicação infinita de licenças, o valor da qualidade foi afetado. Era possível encontrar Cardin em qualquer produto e em qualquer lugar do mundo", resume Eric Briones, cofundador da escola de moda Paris School of Luxury, à AFP.

Briones se refere a "uma dimensão esquizofrênica: o criador Cardin fora vanguardista e modernista e, no mundo das licenças, o estilo era burguês, tranquilizador, longe de seus experimentos de alta costura".

Seu modelo de licenciamento levado ao extremo se tornou um estudo de caso nas escolas de Marketing, sob o neologismo da "cardinização".

Em 2018, a fortuna de Pierre Cardin foi avaliada em 600 milhões de euros (US$ 735 milhões), de acordo com o ranking anual da revista Forbes.

"Sempre fui independente, sempre fui dono da minha marca. Era livre. Os outros eram Arnault, Pinault. Sou 'self made' desde o início", destacou em 2019.

KERING


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)