A situação provoca uma nova crise política nesta frágil democracia.
"Considerando que o governo não foi eleito (...) de acordo com a Constituição", a presidenta em exercício Vjosa Osmani deve convocar novas eleições, "que devem acontecer no mais tardar em 40 dias", afirma a decisão do tribunal.
Hoti lidera um governo de coalizão há vários meses e foi eleito pelo Parlamento por apenas um voto de diferença, o de um deputado que foi condenado por corrupção em 2018.
O voto do deputado em questão não é válido porque ele não deveria exercer o cargo após a sentença, concluiu o tribunal.
De acordo com a imprensa local, Osmani "convocará para consultas os partidos políticos durante o dia para determinar uma data para as eleições antecipadas".
As eleições acontecerão menos de um ano e meio depois das legislativas que marcaram a derrota histórica dos ex-combatentes que presidiram a vida política de Kosovo desde sua independência em 2008.
Nos últimos 12 anos, Kosovo registrou muitas crises políticas que irritam a população, pois nenhum governo conseguiu concluir seu mandato.
As novas eleições acontecerão em plena pandemia de covid-19. O país registra quase 1.300 mortes provocadas pela doença em uma população de 1,8 milhão de habitantes.
O partido nacionalista de esquerda 'Vetevendosje' (VV) recorreu à justiça para invalidar o governo de Avdullah Hoti, alegando que o deputado Etem Arifi, cujo voto permitiu a maioria no Parlamento (120 membros), foi condenado em abril de 2018 a 15 meses de prisão pelo desvio de 26.000 euros (31.000 dólares) por meio de uma ONG.
"O voto do deputado Arifi não é válido porque uma pessoa com uma condenação confirmada por uma infração penal nos últimos três anos não pode exercer o mandato de deputado", afirmou o tribunal em sua decisão.
A oposição celebrou o veredicto.
"Teremos novas eleições e um governo legítimo poderá voltar ao poder", declarou Arberie Nagavci, do VV.
A decisão se soma à tempestade provocada pelo indiciamento do presidente Hashim Thaçi, por parte do Tribunal Especial de Haia, por crimes de guerra.
Thaçci e outros quatro dirigentes foram acusados de assassinatos, torturas, perseguições e outros crimes cometidos durante e depois da guerra contra as forças sérvias no fim dos anos 1990.
Outrora herói da luta contra o opressor sérvio, Thaçi teve que renunciar em novembro.
PRISTINA