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Estado de Minas CHECAMOS

Custo da CoronaVac para imunizar 'o estado de São Paulo' não é de R$22bi

Valor seria, na verdade, para adquirir a CoronaVac para todos os habitantes do Brasil


15/12/2020 20:14 - atualizado 16/12/2020 08:24

Publicações compartilhadas mais de 30 mil vezes em redes sociais desde o início de dezembro asseguram que o governo de São Paulo gastaria 22 bilhões de reais para fornecer, apenas à população de seu estado, a vacina contra a COVID-19 da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, enquanto a vacina da Universidade de Oxford poderia imunizar toda a população brasileira por 6 bilhões. Isso é falso. O valor de 22 bilhões de reais corresponde, na verdade, a quanto custaria para adquirir a CoronaVac para todos os habitantes do Brasil.

“A vacina de Oxford pra imunizar todos os brasileiros custará 6 bilhões de reais. A vacina da China para imunizar apenas o estado de SP, custou 22 bilhões de reais. Sorria paulistas, nós estamos sendo roubados”, diz o texto replicado em múltiplas publicações no Facebook (1, 2, 3), Instagram e Twitter desde o último dia 9 de dezembro.

O conteúdo circula em meio a um acirramento da disputa política que envolve os planos de vacinação contra o novo coronavírus no Brasil.

No último dia 7, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que o estado começaria a imunizar sua população, já em janeiro, com a vacina conhecida como CoronaVac, produzida através de uma parceria entre a farmacêutica chinesa e o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.

A data precederia em cerca de dois meses o prazo estipulado pelo Ministério da Saúde para começar a imunizar os brasileiros com a dose desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, que será produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 


O valor viralizado nas redes, contudo, não é correto.

Procurado pelo AFP Checamos, o governo de São Paulo informou que o valor estimado da dose da vacina da Sinovac Biotech é de 10,30 dólares. Considerando a necessidade de duas doses para a eficácia do imunizante e o câmbio de 15 de dezembro de 2020, o valor seria de pouco mais de 104 reais por pessoa vacinada.

Para imunizar os 46.289.333 habitantes do estado de São Paulo seria necessário, portanto, um investimento de cerca de 4,8 bilhões de reais.

No entanto, na fase de vacinação já prevista em São Paulo, o governo não pretende imunizar toda a população do estado, mas cerca de 9 milhões de pessoas, que receberão duas doses do imunizante cada. Isso corresponderia a um gasto de 936 milhões de reais.

“Não procede a informação de que o Governo do Estado de São Paulo gastaria R$ 22 bilhões para a vacinação contra Covid-19. A dose da vacina do Butantan está estimada em U$ 10,3 dólares e a expectativa é que sejam utilizadas 18 milhões de doses na primeira fase da campanha”, disse o governo, em nota enviada ao Checamos.

O número viralizado se aproxima, na verdade, ao valor que seria necessário para adquirir as duas doses de CoronaVac para cada um dos 211.755.692 habitantes do Brasil: 22,02 bilhões de reais. 
Captura de tela feita em 15 de dezembro de 2020 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 15 de dezembro de 2020 de uma publicação no Facebook

O governo federal tampouco gastou, até agora, 6 bilhões de reais com a vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca. Até 15 de dezembro, o Planalto havia liberado 1,9 bilhão de reais para viabilizar a produção e aquisição de 100 milhões de doses do imunizante, o que seria o suficiente para 50 milhões de pessoas.

No entanto, o valor necessário para comprar as doses necessárias desta vacina para toda a população brasileira se aproximaria dos 6 bilhões citados nas redes.

Segundo divulgado pela Fiocruz, a dose da Universidade de Oxford custa 3,16 dólares. Como esta vacina também necessita de duas doses, o custo por pessoa ficaria em 31,96 reais, ou cerca de 6,76 bilhões para vacinar toda a população do país.

A compra de qualquer vacina por parte do governo federal depende, contudo, da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ainda não liberou nenhum imunizante.

A vacina da Oxford e da AstraZeneca não é, ainda, a única opção considerada pelo Planalto. Como indicou em seu plano nacional de vacinação, o governo também pretende obter doses por meio da Covax Facility - iniciativa internacional que permitirá o acesso a nove vacinas contra a COVID-19 -, e com a farmacêutica norte-americana Pfizer.

O valor do imunizante da AstraZeneca e da Universidade de Oxford é significativamente inferior ao da Sinovac, uma vez que estes primeiros se comprometeram a vender a dose a preço de custo, como informou o diretor do laboratório farmacêutico britânico, em julho deste ano.

Outras vacinas que estão na fase final serão vendidas, inclusive, por valores superiores ao da Sinovac, como é o caso da dose da empresa norte-americana Moderna, que custa entre 25 e 37 dólares, ou do imunizante desenvolvido pela norte-americana Pfizer e pela alemã BioNTech, estimado em 19,50 dólares, segundo reportado pela mídia.

Em resumo, é falso que o governo de São Paulo irá gastar 22 bilhões de reais para imunizar apenas o seu estado com a vacina contra a COVID-19 da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Considerando o valor da dose, o gasto necessário para vacinar a população paulista seria de cerca de 4,8 bilhões de reais.


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