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Estado de Minas

Londres e Bruxelas continuam muito distantes na negociação pós-Brexit


08/12/2020 14:37

Reino Unido e União Europeia (UE) continuam "muito distantes" em sua difícil negociação comercial pós-Brexit, apesar do tempo cada vez mais curto, advertiu o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que deve viajar a Bruxelas nos próximos dias para tentar desbloquear a situação.

Os britânicos saíram oficialmente da UE em 31 de janeiro, mas desde então as partes se encontram em um período de transição que acaba em três semanas, quando os laços serão rompidos definitivamente.

Os dois lados negociam desde março um acordo de livre comércio que deveria administrar as relações a partir de 1 de janeiro e impedir o caos de uma ruptura brutal.

Mas as negociações continuam bloqueadas em três grandes temas: o acesso dos navios de pesca europeus às águas britânicas, as garantias de concorrência exigidas pela UE a Londres em troca de um acesso ao mercado único e como resolver as divergências no futuro.

Após semanas de contatos intensos entre as equipes de negociação, apenas uma decisão política por desbloquear o cenário.

Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, decidiram na segunda-feira que precisam de uma reunião presencial em Bruxelas, mas a data ainda não foi definida.

"Eu sempre tenho esperança, mas tenho que ser honesto com vocês, a situação no momento é complicada. Nossos amigos têm que entender que o Reino Unido deixou a UE para exercer o controle democrático", afirmou o primeiro-ministro britânico nesta terça-feira.

"Nós ainda estamos muito distantes", completou.

Sinal da vontade de entendimento, Londres e Bruxelas anunciaram que alcançaram um acordo sobre o comércio pós-Brexit na Irlanda do Norte após uma reunião na véspera entre o influente ministro de Gabinete britânico, Michael Gove, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic.

"Com o acordo, o Reino Unido retirará as cláusulas (...) do projeto de Lei de Mercado Interno" que, em violação à lei internacional, revogavam unilateralmente partes do Tratado de Retirada e irritaram os europeus.

"Espero que isso seja um sinal de que o Reino Unido tenha vontade de chegar a um acordo e que o impulso continuará", reagiou o ministro irlandês das Relações Exteriores, Simon Coveney.

- Sem data para o encontro -

Fontes diplomáticas afirmaram que o encontro entre Johnson e Von der Leyen pode acontecer na quarta-feira, pois os líderes europeus têm uma reunião programada para quinta-feira e sexta-feira e prefere que a questão do Brexit esteja solucionada antes da cúpula.

Em todo caso, o britânico não deve participar da cúpula nem está previsto que se reúna com outros líderes como o francês Emmanuel Macron ou a alemã Angela Merkel.

Johnson teve sucesso no ano passado com uma intervenção pessoal de último minuto em Bruxelas que permitiu modificar o polêmico acordo de divórcio que sua antecessora, Theresa May, não conseguiu aprovar no Parlamento britânico.

"Está claro que a ideia não pode ser terminar de forma definitiva uma negociação no âmbito de uma reunião entre dois líderes", advertiu o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer.

"É uma negociação que permite eventualmente suspender bloqueios substanciais sobre os principais pontos para que, depois, as equipes finalizem o trabalho", completou.

Antes de entrar em vigor, um eventual acordo teria que ser ratificado pelas duas partes. Líderes do Parlamento Europeu já anteciparam que precisam de tempo para revisar e debater o texto antes de submetê-lo à votação, talvez em uma sessão extraordinária entre o Natal e o Ano Novo.

Sem acordo, a relação comercial entre Reino Unido e UE passará a ser administrada pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que significa a introdução de tarifas e cotas, um quadro que pode abalar ainda mais as economias já enfraquecidas pelo coronavírus.

Alguns países europeus, como França, Holanda e Espana, estão preocupados com a possibilidade de que a pressão para alcançar um acordo possa levar a Comissão Europeia a fazer concessões que não foram objeto de consenso.

Esta visão ficou evidente na semana passada, quando um alto funcionário francês advertiu que Paris vetaria um acordo que não atendesse às exigências definidas pela UE e especificadas no mandato dado a Barnier.


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