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Estado de Minas

Eleições municipais apontam para um Brasil menos polarizado em 2022


01/12/2020 11:43

A vitória de numerosos prefeitos de centro-direita e da direita moderada nas eleições municipais mostra uma redução da polarização que levou Jair Bolsonaro ao poder, e pode complicar os planos de reeleição do presidente em 2022, apontam analistas.

"É possível fazer política sem ódio, falando a verdade", declarou Bruno Covas (PSDB), eleito para a prefeitura de São Paulo, cidade que concentra mais mortos pelo novo coronavírus, em um país que supera 173 mil óbitos. "São Paulo mostrou que restam poucos dias ao negacionismo e obscurantismo."

Desde o começo da pandemia, Bolsonaro minimiza a gravidade da Covid-19. Na fase mais crítica do contágio, fez pressão contra as medidas de confinamento ordenadas por governadores e prefeitos para conter as infecções.

As eleições municipais, consideradas um prólogo das presidenciais de 2022, mostraram um enfraquecimento do movimento "contra o sistema", que teve a corrupção como catalizador da indignação popular e alcançou seu auge nas eleições de 2018.

O pleito municipal "levou o eleitor a favorecer aquele político experiente, veterano, que ele já conhece", indica Mauricio Santoro, professor de ciência política na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A pandemia, que agravou a crise econômica que o país enfrenta desde 2014 e elevou a taxa de desemprego a 14,6%, deixou o eleitor "mais cauteloso, menos disposto a apoiar grandes reviravoltas", o que levou ao alto índice de reeleição de prefeitos e vereadores, explica.

No Rio de Janeiro, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM, direita) venceu com 64% dos votos o evangélico Marcelo Crivella, atual gestor. "Acho os extremos muito ruins. Vejo os resultados dessa eleição como uma vitória da política", declarou Paes nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal "O Globo".

No campo da esquerda, o PT, do ex-presidente Lula, ficou pela primeira vez desde a redemocratização, no fim dos anos 1980, sem nenhuma prefeitura entre as 26 capitais estaduais. Outros partidos de esquerda ou centro-esquerda (PDT, PSB e PSOL) conquistaram cinco capitais das regiões Norte e Nordeste: Fortaleza, Recife, Belém, Maceió e Aracaju.

- Prelúdio de 2022? -

Apesar de contar com uma popularidade de cerca de 40%, Bolsonaro não conseguiu transferir votos para a maioria dos candidatos que apoiou nas eleições municipais. Mas a moderação do eleitorado não permite descartar uma possível reeleição do presidente em 2022, que dependerá tanto do rumo da economia quanto das alianças entre as dezenas de partidos, indicam analistas.

"Bolsonaro tem a caneta na mão. Ele pode oferecer mais espaço aos aliados, negociar com eles uma participação maior dentro do governo, dar a eles mais poder de voz", destaca o especialista em ciência política André César, especialista em análise política da consultora Hold.

Sem partido há um ano, Bolsonaro poderia abrir mais espaço para forças do centrão, como o PP, que integra a base aliada do governo e obteve um desempenho excelente nas eleições municipais. Para fazer frente a ele, tanto César quanto Santoro vislumbram uma aliança entre forças de centro-direita (PSDB, DEM, MDB, PSD), das quais muitos eleitores apoiaram o atual presidente em 2018 para evitar o retorno da esquerda.

Um candidato forte para liderar essa aliança poderia ser João Dória (PSDB), empresário e governador de São Paulo, que emergiu na política como um "outsider" que se identificava com as propostas de Bolsonaro e, atualmente, é um de seus maiores adversários, aponta Santoro.

A esquerda, por sua vez, para ser competitiva nas eleições presidenciais, deveria começar a tecer desde já uma frente comum, assinala César. "Para ter sucesso a partir de agora e buscar algo mais consistente, tem que procurar a unidade, que passa pela revisão da hegemonia do PT e ceder espaço a jovens líderes em ascensão", afirma, citando Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB), ambos de menos de 40 anos, que chegaram ao segundo turno em São Paulo e Porto Alegre, respectivamente.


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