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Estado de Minas

Irã aponta para Israel por assassinato de cientista nuclear


27/11/2020 21:19

Um cientista iraniano do alto escalão do setor nuclear foi assassinado nesta sexta-feira (27) enquanto estava em seu veículo perto de Teerã, um "ato terrorista" no qual há "sérios indícios de participação israelense", segundo o chefe da diplomacia do Irã.

"Terroristas assassinaram um proeminente cientista iraniano hoje (sexta-feira). Essa covardia - com sérios indícios de participação israelense - mostra um belicismo desesperado de seus autores", tuitou Mohamad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores da república islâmica.

Zariv também pediu que a comunidade internacional dê "fim a suas vergonhosas posições ambivalentes e condene este ato terrorista".

O cientista, oficialmente identificado como Mohsen Fakhrizadeh, de 59 anos, era chefe do Departamento de Investigação e Inovação do Ministério da Defesa.

Por sua vez, o chefe do Estado Maior do Irã, general Mohammad Bagheri, advertiu que uma "terrível vingança" ocorrerá contra os responsáveis pelo assassinato do cientista.

"Os grupos terroristas e os autores dessa ação covarde devem saber que uma terrível vingança os espera", afirmou Bagheri, segundo a agência estatal Irna.

- Tiroteio -

O cientista ficou "gravemente ferido" quando seu carro foi atacado por vários indivíduos, que brigaram com sua equipe de segurança, de acordo com nota do Ministério da Defesa.

Fakhrizadeh não resistiu aos ferimentos e morreu, apesar dos médicos fazerem o possível para reanimá-lo.

Segundo um jornalista da televisão estatal, uma caminhonete preta carregando explosivos escondidos sob madeiras explodiu em frente ao carro de Fakhrizadeh, antes que ele fosse atacado por tiros de outro veículo que seguia na outra pista.

Fotos e vídeos da cena mostram um sedan preto na beira da estrada com buracos de bala e sangue no asfalto.

O ataque ocorreu perto da cidade de Absard, a leste de Teerã.

O ministro da Defesa, Amir Hatami, disse na televisão que o cientista desempenhou um "papel importante nas inovações de defesa". "Ele administrou a defesa nuclear e fez um ótimo trabalho", acrescentou, sem maiores detalhes.

Segundo ele, este assassinato está "totalmente relacionado" com a morte do general Qassem Soleimani em janeiro, em um ataque de drones dos Estados Unidos em Bagdá.

- Pai do programa nuclear -

Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, este pesquisador era o pai do programa de armas nucleares do Irã.

Contatado pela AFP, um porta-voz de Netanyahu não quis comentar.

O New York Times informou que uma autoridade americana e dois funcionários da inteligência confirmaram que Israel estava por trás do ataque, sem maiores detalhes.

Hossein Dehghan, conselheiro militar do supremo guia iraniano Ali Khamenei, acusou Israel de tentar provocar uma guerra com este assassinato.

"Nos últimos dias da vida política de seu perigoso aliado amante dos jogos [Trump], os sionistas tentam intensificar a pressão sobre o Irã para criar uma guerra", tuitou.

O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza, condenou o assassinato, que "ocorre em um contexto de ameaças americanas e sionistas persistentes contra a República Islâmica do Irã".

O assassinato ocorre menos de dois meses antes da chegada à Casa Branca do democrata Joe Biden, vencedor das eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos.

Biden planeja transformar a política dos EUA em relação ao Irã, após quatro anos do republicano Donald Trump na presidência, que em 2018 se retirou do acordo com as grandes potências, assinado em 2015, sobre o programa nuclear iraniano.

Washington então restabeleceu, e mais tarde reforçou, as sanções contra Teerã.

- Trocas -

Trump considera que este acordo não oferece garantias suficientes para impedir o Irã de manter armas nucleares. A república islâmica sempre negou buscar tal armamento.

O presidente dos Estados Unidos compartilhou no Twitter nesta sexta-feira (27) a informação sobre o assassinato do cientista iraniano, mas sem acrescentar nenhum comentário próprio.

John Brenan, ex-chefe da CIA, classificou no Twitter o assassinato como "ato criminoso extremamente perigoso" que pode levar a "represálias letais e a uma nova fase do conflito regional".

Diversos outros cientistas especializados no setor nuclear do Irã foram assassinados nos últimos anos, e o país sempre atribui a culpa a Israel.

Por outro lado, o jornal The New York Times noticiou em meados de novembro que Abdullah Ahmed Abdullah, conhecido como Abu Mohammed al-Masri e número dois da Al Qaeda, foi morto em Teerã por agentes israelenses, durante uma missão secreta encomendada pelos EUA. O Irã negou a informação.


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