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Estado de Minas

Capital da Eritreia sofre novo ataque a partir de região rebelde da Etiópia


27/11/2020 21:13

A capital da Eritreia, Asmara, voltou a ser atacada nesta sexta-feira (27) por um foguete disparado da região etíope dissidente do Tigré, contra a qual o Exército da Etiópia dirige uma operação militar que entrou, segundo Adis Abeba, em sua fase final.

O disparo do foguete, confirmado à AFP por quatro diplomatas da região, reaviva o temor de uma escalada do conflito.

"Houve um foguete procedente de Tigré, que parece ter caído ao sul de Asmara", disse um destes diplomatas, destacando que não há informação imediata sobre possíveis vítimas ou danos.

Outro diplomata declarou ter havido um segundo disparo de foguete em um bairro de Asmara, mas esta informação não pôde ser verificada.

Por enquanto não foi possível contatar nenhum dirigente da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), partido que dirige a região. Nem a Etiópia, nem a Eritreia fizeram declarações até o momento.

O TPLF já reivindicou vários disparos de foguetes contra Asmara em meados do mês, que caíram perto do aeroporto. Também atacou três vezes a região vizinha de Amhara com armas similares.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que obteve no ano passado o prêmio Nobel da Paz por um acordo com a vizinha Eritreia, anunciou a "terceira e última fase" da operação militar lançada em 4 de novembro contra o TPLF, com o ataque de Mekele, a capital da região. Mas não há nenhuma informação sobre a situação no local.

Os dirigentes do Tigré, do TPLF, estão entrincheirados em Mekele, assediada agora pelas forças federais e que, antes do conflito, tinha 500.000 habitantes.

- "Manter a ordem" -

O papa Francisco pediu nesta sexta-feira às partes em conflito para cessar a violência no país.

"O Santo Padre (...) lança às partes em conflito um apelo a cessar a violência, a proteger vidas, em particular as dos civis, para que a população possa recuperar a paz", diz um comunicado do Vaticano.

A comunidade internacional, preocupada com a situação dos civis em Mekele, pressionou o primeiro-ministro, mas este tem rejeitado "qualquer ingerência nos assuntos internos" do seu país.

Entre outras iniciativas está a da União Africana (UA), que tem sede na capital etíope, Adis Abeba, e que designou três enviados especiais para tentar aplacar a situação: os ex-presidentes Joaquim Chissano (Moçambique), Ellen Johnson-Sirleaf (Libéria) e Kgalema Motlanthe (África do Sul), que estão desde quarta-feira na capital etíope.

O governo da Etiópia se comprometeu a recebê-los "por respeito", mas rejeitou qualquer proposta de mediação.

Nesta sexta-feira, Abiy expressou em um comunicado seu "agradecimento" ao chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, que assume a presidência temporária da UA, e aos enviados especiais por seu compromisso para apresentar "soluções africanas aos problemas africanos".

Ele também recordou, no entanto, que seu governo tem "a responsabilidade constitucional de manter a ordem (em Tigré) e no resto do país", antes de destacar a paciência que demonstrou ante as "provocações" e a "agenda de desestabilização" da TPFL.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, comemorou o encontro com os enviados da UE e pediu a todas as partes "que aproveitem esta oportunidade vital para resolver este conflito pacificamente".

Guterres também insistiu na necessidade de "garantir a proteção dos civis, dos direitos humanos e o acesso à assistência humanitária em todas as zonas afetadas".

- Entrincheirados em Mekele -

O conflito, que levou mais de 43.000 etíopes do Tigré a se refugiarem no Sudão, deixou centenas de mortos, mas não há um balanço preciso ainda.

Segundo as agências humanitárias, o número de refugiados poderia saltar para os 200.000 nos próximos meses.

Na manhã desta sexta-feira, 24 horas depois da ordem dada ao Exército, no entanto, não era possível saber se a ofensiva contra Mekele de fato começou. Tigré está praticamente isolada do mundo, o que dificulta verificar com fontes independentes os anúncios dos dois lados.

Autoridades regionais do Tigré indicaram hoje que o Exército bombardeava cidades e povoados, mas afirmaram à emissora local Tigray TV que "a luta vai continuar até que o invasor seja expulso do Tigré".

A TV oficial etíope EBC afirmou ontem que os líderes da TPLF estavam entrincheirados em vários pontos de Mekele, incluindo um cemitério, um museu e um auditório, e que se comunicavam por "rádio militar".

Abiy Ahmed justificou o envio do exército em novembro ao Tigré depois de acusar a TPLF de atacar duas bases militares federais na região, uma informação desmentida pelas autoridades locais.

Desde 1991, depois de derrubar um regime militar-marxista em Adis Abeba, a TPLF controlou o poder na Etiópia durante mais de 25 anos, até ser progressivamente marginalizado por Abiy quando ele chegou ao poder em 2018.


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