O furacão Iota avançava nesta terça-feira (17) pelo norte da Nicarágua e se aproximava de Honduras ainda com força de furacão, embora enfraquecido após tocar terra no dia anterior, provocando chuvas intensas e ventos fortes em áreas da América Central, já afetadas há duas semanas pelo ciclone Eta.
Mais forte que o antecessor, Iota chegou o país como um furacão de categoria 5 e com ventos máximos de 260 km/h, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, mas ao tocar o solo começou a perder força.
"O furacão Iota perde força rapidamente sobre o noroeste da Nicarágua", afirmou o NHC em seu boletim de 9H00 GMT (6H00 de Brasília), que mesmo assim faz uma advertência sobre "ventos catastróficos e chuvas torrenciais".
O ciclone foi rebaixado para furacão de categoria 1 e suas chuvas começaram a provocar saturação no Caribe Norte da Nicarágua, onde foram registradas quedas de árvores e de telhados, segundo o Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atenção e Desastres (Sinapred) desse país.
O organismo indicou que inicialmente não há registros de mortes, embora milhares de pessoas tenham sido evacuadas da área antes da chegada do ciclone.
O Sinapred alertou também sobre potenciais deslizamentos de terra nas cidades do norte de Jinotega e Nova Segovia.
Iota segue a mesma trajetória do furacão Eta, que deixou mais de 200 mortos e desaparecidos na América Central. Segundo estimativas oficiais, 2,5 milhões de pessoas foram afetadas na passagem do Eta.
Honduras se preparava nesta terça-feira para receber o impacto do Iota.
Os departamentos do norte e nordeste de Graças a Deus, Ilhas da Bahia, Colón, Atlântida e norte de Olancho e os sulistas Vale e Choluteca estavam sob fortes chuvas com o aumento gradual do fluxo dos rios.
Milhares de policiais hondurenhos evacuaram milhares de pessoas dos locais de risco com helicópteros, lanchas e automóveis, de acordo com a proteção civil.
Na Guatemala, onde o Eta deixou 46 mortos e 96 desaparecidos, as chuvas intermitentes do novo ciclone começaram a ser sentidas na noite de segunda-feira, embora não tenham provocado incidentes.
O Instituto Meteorológico local prevê que as chuvas devem aumentar na quarta e quinta-feira em toda Guatemala, com risco de aumento do nível dos rios, inundações, deslizamentos de terra e danos nas estradas.
- Nicarágua afetada -
Bilwi, a cidade mais populosa do Caribe Norte nicaraguense, começou a sentir na segunda-feira fortes rajadas de vento e chuvas intensas.
Centenas de indígenas miskitos e afrodescendentes moradores do bairro El Muelle, na costa de Bilwi, esperavam assustados a ajuda das autoridades para serem evacuados.
"Não saímos com o furacão Eta, mas este é mais perigoso", disse à AFP Marisol Ingram, morador de El Muelle, cuja casa de madeira ficou danificada na passagem do Eta e corre o risco de ser arrasada pelo novo ciclone.
Os abrigos na Nicarágua, já demandados pelas evacuações durante a passagem do Eta, estavam saturados depois de terem recebido no domingo novas levas de refugiados ameaçados pelo Iota, disse à AFP Eufemia Hernández, coordenadora de um destes centros na universidade Uraccan.
O diretor do Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atenção a Desastres (Sinapred) da Nicarágua, Guillermo González, informou que são esperados enchentes e deslizamentos de terra no Caribe Norte e nos departamentos de Chinandega, principalmente nos arredores do Vulcão Casitas, onde o furacão Mitch matou milhares de pessoas após um deslizamento de terra em 1998.
A Nicarágua se encontra em "alerta máximo vermelho na zona do Caribe Norte", acrescentou González.
"É um dos fenômenos mais violentos que já se aproximaram do nosso país", ressaltou.
- Ajuda internacional -
O Panamá, atingido pelas bandas do furacão Iota, declarou um alerta vermelho nas províncias ocidentais de Chiriquí e Boca del Toro e na região indígena Ngäbe-Buglé.
E autoridades colombianas informaram nesta segunda que a Ilha da Providência, onde moram umas 6.000 pessoas, estava incomunicável pelo impacto do furacão.
Diante do impacto dos furacões, os presidentes da Guatemala, Honduras, Nicarágua e Costa Rica pediram nesta segunda-feira por ajuda a comunidade internacional, em um encontro virtual.
O presidente do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (CABEI), Dante Mossi, presente no evento online, propôs à entidade o envio de US$ 2,5 bilhões "para restaurar infraestrutura, barragens e construção de moradias populares".