O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, sinalizou ontem que os americanos ricos e as grandes corporações vão "pagar sua cota justa" em impostos. Ao fazer a declaração, ele afirmou que não é contra os negócios. Após se reunir com líderes trabalhistas e patronais, o democrata disse que eles concordaram quanto à necessidade de priorizar estímulos à economia, o que "precisa ser dado rapidamente".
Um novo plano nesse sentido, afirmou, seria fundamental para ajudar vários setores em meio a um aumento das infecções por COVID-19, admitindo que as coisas ficarão "mais difíceis". Biden disse que seu plano econômico criará três milhões de "trabalhos bem remunerados" e que elevará o salário mínimo a US$ 15 a hora.
Já se voltando para a política internacional, ele defendeu que os Estados Unidos devem unir forças com outras democracias mundiais para apresentar uma frente unida na política comercial global como um contrapeso à China. "A ideia de que estamos enfiando o dedo nos olhos de nossos amigos e abraçando autocratas não faz sentido para mim", declarou.
Durante seu governo, o presidente Donald Trump, republicano, estabeleceu uma política comercial agressiva contra amigos e inimigos, impondo tarifas sobre aço, alumínio e outros produtos do Canadá, México e União Europeia, além da China.
"Precisamos estar alinhados com as outras democracias para que possamos definir as regras do caminho, em vez de ter a China e outros ditando os resultados porque são o único jogo na cidade", explicou Biden.
A administração Trump evitou organizações multilaterais e se voltou contra a Organização Mundial do Comércio (OMC), dizendo que era injusta com os EUA, paralisando o órgão de solução de disputas comerciais e bloqueando a nomeação de um novo diretor-geral.
Mas a retórica de Trump foi sensivelmente mais amigável com relação à Rússia e à comunista Coreia do Norte, que por várias vezes ameaçou lançar mísseis contra os Estados Unidos, e que, no entanto, teve direito a duas reuniões com o presidente norte-americano.
Biden afirmou ter conversado com alguns líderes mundiais em termos gerais sobre questões comerciais, mas se recusou a entrar em detalhes com eles sobre o que poderia ser feito – incluindo se os Estados Unidos se uniriam a um novo pacto de livre comércio da Ásia-Pacífico – porque "há apenas um presidente de cada vez".
O presidente eleito, porém, garantiu que não seguirá uma política comercial "punitiva", tornará os trabalhadores americanos mais competitivos e garantirá que os líderes trabalhistas e ambientais "estejam à mesa em todos os acordos comerciais que fizermos".
TRANSIÇÃO
Se Trump continua fazendo acusações de fraudes nas eleições, ainda que não apresente provas, o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Robert O'Brien, esteve perto de reconhecer a derrota do republicano ao prometer uma transição suave. “Se a fórmula Biden/Harris for a vencedora e, obviamente, as coisas parecem assim agora, teremos uma transição muito profissional do Conselho de Segurança Nacional. Não há dúvida sobre isso”, indicou.