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Estado de Minas

Vizcarra questiona legitimidade do novo governo peruano e convoca protestos


12/11/2020 17:07

Três dias depois de ser destituído do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, o ex-presidente peruano Martín Vizcarra questionou nesta quinta-feira (12) a legalidade e legitimidade do novo governo de Manuel Merino e pediu a seus compatriotas que protestassem pacificamente nas ruas.

"A legalidade está em questão e a legitimidade, que é dada pelo povo, estamos vendo nas ruas" com as manifestações contra Merino, disse Vizcarra a jornalistas ao entrar no Ministério Público para depor sobre a causa da suposta corrupção que o destituiu.

Na noite de segunda-feira, o Congresso demitiu Vizcarra por "incapacidade moral" no encerramento de um segundo julgamento político contra ele em menos de dois meses, após denúncias de que ele havia recebido propina para autorizar obras públicas quando era governador da região sul de Moquegua, em 2014, acusações negadas por ele.

"Até a OEA requisitou a decisão do Tribunal Constitucional" sobre a legalidade da destituição, afirmou o popular ex-presidente, referindo-se a um comunicado do secretário-geral, Luis Almagro.

"Estamos preocupados com a situação política no Peru", ressaltou Vizcarra, um político que não tem partido nem bancada no Congresso, embora receba níveis recordes de apoio dos cidadãos, segundo as pesquisas.

Vizcarra defendeu o direito dos peruanos de protestar contra Merino, algo que ocorre nas ruas de Lima e outras cidades diariamente desde terça-feira, e pediu que as manifestações sejam pacíficas.

"Temos que fazer um apelo à população para que se expresse pacificamente (...), as manifestações têm que ser permitidas", disse ele a poucas horas de novas manifestações convocadas em Lima e outras cidades.

"A resposta está sendo dada pelas pessoas [nas ruas] ao Sr. Merino", acrescentou.

"E também pedimos à Polícia Nacional que respeite as manifestações", disse, afirmando que com o novo governo "temos visto agora uma polícia agressiva".

Vizcarra compareceu ao Ministério Público prestar depoimento sobre as denúncias de ter recebido suborno, estimado em US$ 600 mil, segundo a denúncia. Algumas horas depois, ele deixou o local sem fazer declarações.

A imprensa local disse que o MP solicitou à Justiça que proíba-o de deixar o país por 18 meses, enquanto ocorrem as investigações.

Vizcarra garantiu que não deixará o país, não se refugiará em embaixada nem será hospitalizado para evitar investigações do MP.

- Primeiros passos de Merino -

Merino, o ex-presidente do Congresso que assumiu o cargo na última terça-feira, deve terminar a formação do seu gabinete na quarta-feira, em meio às preocupações do mercado sobre o risco de uma tendência populista do novo governo antes das eleições gerais de abril de 2021.

Na quarta-feira, ele nomeou Antero Flores-Aráoz, um político conservador veterano, como chefe de gabinete.

Os protestos e panelaços em várias cidades do Peru contra Merino e o Congresso nublaram os primeiros dias de seu governo e novas manifestações foram convocadas para esta quinta-feira à noite, apesar da pandemia que assola o Peru, o segundo país com maior taxa de mortalidade mundial pela covid-19.

- Preocupação da OEA e ONU -

Organizações de direitos humanos pediram à polícia e às novas autoridades que respeitem os protestos, após relatos de mais de cinquenta prisões e ataques a repórteres nas manifestações.

No Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou nesta quinta-feira sua "preocupação com o uso excessivo da força policial e as prisões por exercício do direito de protesto e cobertura jornalística no país".

Além disso, a CIDH, entidade autônoma da OEA, denunciou "violações dos direitos de defesa das pessoas detidas (...)" e alertou sobre "a grave e prolongada prisão de um adolescente de 14 anos" em Lima.


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