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Estado de Minas

Mianmar vota em legislativas com partido da Nobel Suu Kyi favorito


08/11/2020 07:13

Os birmaneses vão às urnas neste domingo (8) para eleições legislativas nas quais se espera a vitória do partido da prêmio Nobel Aung San Suu Kyi, considerada uma heroína no país, mas muito criticada pela comunidade internacional pela crise dos rohingyas.

São as segundas eleições desde 2011, quando foi dissolvida a junta militar que controlou o país por meio século.

Cada eleitor deve votar para "escrever sua própria história (...) a história de nosso país", declarou Aung San Suu Kyi no Facebook, conclamando a população a ir às urnas apesar da pandemia do coronavírus.

Com mais de 60.000 casos confirmados e quase 1.400 mortes, a situação no país é uma das mais preocupantes no sudeste asiático, e muitas vozes pediram, em vão, às autoridades que adiassem as eleições.

Apesar da pandemia, havia longas filas de espera em várias sessões eleitorais em Yangon, onde viseiras, máscaras e álcool em gel eram distribuídos.

"Não tenho medo de ser infectado. Não me importo de morrer pela 'Mãe Suu'", disse Khine Zar Chi à AFP. "Devemos votar pelo desenvolvimento do país", afirmou Thu Yain Aung, um trabalhador.

Em 2015, o partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (NLD), obteve uma vitória esmagadora, mas foi forçado a dividir o poder com o ainda todo-poderoso Exército.

As Forças Armadas controlam três ministérios principais (Interior, Defesa e Fronteiras) e a Constituição concede-lhes 25% dos assentos no Parlamento.

Desta vez, o sucesso da NLD deverá ser menos claro devido ao surgimento de dezenas de novos partidos, mas também ao fracasso da "dama de Yangon" em alcançar a paz com várias minorias rebeldes e seus maus resultados na saúde e na luta contra a pobreza.

- "Eleições do apartheid" -

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse esperar "uma eleição pacífica, ordenada e confiável".

No entanto, a legitimidade das eleições está em questão. A votação em grande parte do estado de Rakain, no noroeste, onde a violência entre o Exército e uma facção rebelde aumentou nos últimos dois anos, foi cancelada por razões de segurança.

Para alguns, é uma forma de silenciar os partidos étnicos que poderiam vencer na região.

Os 600.000 muçulmanos rohingyas que permaneceram no país, metade dos quais estão em idade de votar, não poderão ir às urnas porque continuam a ter a cidadania birmanesa negada.

No total, quase dois milhões de pessoas estão privadas dela no país de 37 milhões de eleitores.

Essas exclusões podem alimentar a violência política e os conflitos armados, já numerosos, alertam os especialistas.

"São eleições do apartheid", denuncia a ONG Birmania Campaign UK.

De acordo com a organização Forum-Asia, "a exclusão das comunidades mais vulneráveis" da votação mostra que "a promessa de democracia não se concretizou", apesar da chegada ao poder de Aung San Suu Kyi.

Ainda muito amada em Mianmar, especialmente entre a maioria étnica dos bamar, a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991 caiu de seu pedestal fora das fronteiras do país.

Suu Kyi se tornou pária no cenário internacional, após ser acusada de passividade no drama dos muçulmanos rohingyas, uma etnia do noroeste do país que desde 2017 foi forçada ao exílio em massa por causa dos excessos do Exército. Centenas de milhares de rohingyas se refugiaram no vizinho Bangladesh.

Esta crise levou Mianmar a ser acusada de "genocídio" perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o órgão judicial mais importante da ONU.

Aung San Suu Kyi viajou para Haia, sede do tribunal, para negar as "intenções genocidas" do governo.

Levará dias para saber os resultados oficiais das eleições. Uma vez empossados, os parlamentares elegerão o presidente birmanês.

A Constituição impede Aung San Suu Kyi de concorrer a esse cargo por ser casada no exterior. Ela poderia ser nomeada "conselheira especial de Estado", cargo criado sob medida para lhe permitir liderar o país.


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