Jornal Estado de Minas

Presidente do Peru pede antecipação de novo julgamento de impeachment para evitar instabilidade

O presidente peruano, Martín Vizcarra, pediu ao Congresso que realize o julgamento de impeachment por suposta corrupção na sexta-feira, em vez da próxima segunda-feira como planejado, para acabar com o clima de incertezas no país atingido pela pandemia.





"Pedimos ao Congresso que reconsidere a data e consiga agendar a defesa do Presidente da República, como data possível, sexta-feira, 6 de novembro", diz a carta enviada nesta quarta-feira (4) ao presidente do Congresso, Manuel Merino, e divulgada por Vizcarra.

"Acreditamos que é necessário dar ao país uma decisão final sobre as autoridades que governarão seus destinos até 28 de julho de 2021 (...) e não mergulhar o país em uma situação de instabilidade por um período mais longo", acrescentou o presidente para justificar o seu pedido.

O Congresso está programado para receber Vizcarra em 9 de novembro para debater uma nova moção de impeachment contra ele, a segunda desde que em 18 de setembro foi bem-sucedido em outra acusação por obstruir uma investigação parlamentar e da promotoria sobre suposto tráfico de influência.





A segunda moção foi apresentada pelo partido populista minoritário União pelo Peru (UPP), a partir de declarações de dois empresários que asseguraram ao Ministério Público que pagaram duas propinas a Vizcarra em troca de contratos de obras públicas quando o presidente era governador de Moquegua, em 2014.

Os valores dos supostos subornos chegam a 2,3 milhões de soles (cerca de 623 mil dólares).

O caso está sendo investigado pelo Ministério Público desde 2018.

Vizcarra nega ter recebido pagamentos e atribui o pedido a uma manobra para afetar as eleições de abril de 2021.

O Congresso é composto por 130 legisladores e são necessários 87 votos para remover Vizcarra.

A falta de partido e bancada no Congresso torna o presidente peruano politicamente fraco.

"Não podemos trocar um presidente por uma denúncia que não foi apurada, que está sob investigação preliminar", destacou o primeiro-ministro Walter Martos, em um pedido de reflexão ao Congresso.

"Toda pessoa tem direito à presunção de inocência, só pode ser culpada após ser julgada o que acontece se após o julgamento acabar sendo inocentado e o governo do país já tiver sido rompido?", acrescentou.

A vacância será debatida em um país bastante castigado pelo coronavírus, com 34.623 mortes e 908.902 infecções desde março, o que expõe a precariedade do sistema de saúde.

Além disso, a economia peruana deve sofrer uma queda de 12,5% neste ano devido a um confinamento de mais de 100 dias que paralisou o país.

O Peru realizará eleições presidenciais e legislativas conjuntas em 11 de abril de 2021. Vizcarra termina seu mandato em 28 de julho do mesmo ano.





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