A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou nesta sexta-feira seu repúdio ante a denúncia de que uma prisão para imigrantes localizada nos Estados Unidos registrou um número elevado de esterilizações sem o consentimento das mulheres afetadas.
"Esses procedimentos não consensuais constituem uma violação do direito à segurança da pessoa, à proteção contra ataques abusivos à vida privada e familiar, e à saúde das mulheres imigrantes", manifestou a CIDH, ente autônomo da OEA com sede em Washington.
Em meados de setembro, organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram que o centro de detenção de imigrantes de Irwin, Geórgia, registrava uma taxa elevada de histerectomias. O centro teria encaminhado mulheres a um ginecologista particular e algumas delas disseram desconfiar do médico.
A denúncia nasceu do depoimento de uma enfermeira que trabalhou no centro. Uma das detentas que denunciaram o caso às organizações descreveu a situação como "uma experiência em um campo de concentração".
Segundo a CIDH, esses incidentes teriam "se aprofundado no contexto da pandemia, que também estaria marcado pela ausência de canais adequados de comunicação".
A Comissão informou que recebeu informações sobre "um padrão sistemático de abusos e violação de direitos em centros de detenção de imigrantes no país". Entre os fatos, destacou denúncias de abuso sexual, privação do direito à liberdade religiosa, condições deploráveis de prisão e separação forçada de crianças e adolescentes imigrantes.
Após tomar conhecimento do caso, em meados de setembro, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, democrata, pediu uma investigação imediata das denúncias.