O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, alertou nesta quarta-feira (28) que controlar a covid-19 exigirá um esforço imenso e que não há um botão mágico para acabar com a pandemia, ao mesmo tempo em que o presidente Donald Trump continuava com seu ritmo frenético de campanha, indiferente ao vírus.
Seis dias antes da eleição, Biden, de 77 anos, permaneceu em sua residência em Delaware e votou cedo, assim como 74,7 milhões de outros americanos que já votaram antecipadamente.
O candidato democrata voltou a criticar seu rival sobre a situação da saúde no país, que continua a campanha em um país que registra 226.723 mortes pela covid-19, mais do que em qualquer outra nação no mundo.
"Este vírus atinge as minorias com muito mais força, principalmente os negros, latinos e indígenas", disse Biden.
O democrata também garantiu que a recusa do governo em reconhecer a realidade em um momento em que todos os dias 1.000 americanos morrem pela covid-19 "é um insulto às pessoas" que sofrem com o vírus.
De acordo com o FiveThirtyEight.com, 57,4% dos americanos desaprovam a gestão da pandemia feita por Trump.
Biden, no entanto, fez questão de ressaltar que mesmo que ganhe as eleições, "acabar com a pandemia exigirá um esforço imenso".
"Não estou fazendo campanha com uma promessa falsa de que posso acabar com a pandemia como alguém apertando um botão", acrescentou.
O republicano Trump, de 74 anos, continua seu ritmo frenético de comícios, que na última terça-feira o levou a Michigan, Wisconsin, Nebraska e Nevada.
Nesta quarta-feira, Trump faz campanha no Arizona, estado de tradição republicana onde seu adversário lidera ligeiramente as pesquisas, por uma margem de menos de três pontos.
O presidente vai encerrar o dia em Doral, na Flórida, sem esquecer os preciosos 29 votos eleitorais deste estado.
A imensa quantidade de votos obtidos antecipadamente sugere duas coisas: a primeira é que essas eleições terão um recorde de participação, e a segunda é que provavelmente os resultados não estarão disponíveis na noite da eleição.
A diretora de campanha de Biden, Jen O'Malley Dillon, informou na semana passada que a corrida eleitoral será "mais apertada" do que preveem os especialistas.
Conscientes do risco, os democratas apostam fortemente no comício do sábado, que reunirá o ex-presidente Barack Obama e Biden em Michigan, um estado pendular, fundamental para se chegar à Casa Branca.
- A economia nos holofotes -
Outro tema da campanha é a capacidade do país de se reeguer da dura recessão causada pela pandemia.
Diante de uma perspectiva atual de milhões de empregos destruídos, Trump prometeu aos eleitores na terça-feira que haverá "um recorde de prosperidade, crescimento épico e uma vacina segura".
Na quinta-feira, o Departamento de Comércio divulgará os números do crescimento do terceiro trimestre, depois que a economia absorveu o choque causado pela pandemia no trimestre anterior e registrou uma retração recorde de 31,7%.
Segundo o FMI, os Estados Unidos fecharão o ano com uma retração menos acentuada do que o esperado, com queda de 4,3% do PIB.
Porém, na ausência de acordo no Congresso para lançamento de novo plano de estímulo econômico e diante de avanços do vírus, o nervosismo reina nos mercados.
Wall Street abriu nesta quarta-feira novamente com perdas e o petróleo também acentuou sua queda.
- Toque de recolher na Filadélfia -
Outra questão que marca a campanha é a onda de protestos contra o racismo e a violência policial após a morte de George Floyd, um homem negro, asfixiado por um policial branco em maio em Minneapolis.
Outro incidente na segunda-feira, no qual a polícia matou a tiros um jovem negro de 27 anos que sofria de problemas mentais gerou uma onda de distúrbios na Filadélfia, que viveu na noite de terça-feira um segundo dia de violência.
Para evitar que os distúrbios continuem, as autoridades decretaram um toque de recolher para esta quarta-feira.
A Casa Branca disse em um comunicado que os distúrbios na Filadélfia são "a última das consequências da guerra contra a polícia empreendida pelos democratas".
Na terça-feira, Biden comentou o ocorrido afirmando que não se pode aceitar que nos EUA "uma crise psiquiátrica termine em morte".