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Estado de Minas

Moscou prefere Trump a Biden, apesar das decepções


26/10/2020 10:13

O presidente americano, Donald Trump, decepcionou o Kremlin, mas o republicano conserva seus favores, já que os democratas ainda têm contas pendentes com os russos.

Se Trump não conseguir se reeleger e questionar os resultados, como já insinuou, a Rússia não acharia ruim uma crise pós-eleitoral nos Estados Unidos, consideram analistas.

A Rússia, cuja relação com os ocidentais já não era boa, esperava muito de Donald Trump em 2016. Tanto que, segundo os serviços de Inteligência e a Justiça americana, Moscou interferiu na campanha para favorecer o magnata nova-iorquino - em particular, com a invasão de computadores do Partido Democrata.

Apesar das intenções demonstradas por Trump, "não foi o presidente que tirou as relações russo-americanas da paralisia", afirma María Lipman, do "think tank" Pomars Eurasia.

Para começar, porque a ingerência russa envenenou seu mandato. As investigações feitas nos Estados Unidos contradizem as negações de ambos os presidentes - tanto o russo, quanto o americano.

Além disso, nestes quatro anos, acumularam-se desencontros em grandes temas, como os bombardeios americanos na Síria, a retirada americana do acordo nuclear iraniano e dos tratados militares INF e "Céu Aberto", ou as represálias contra o gasoduto Nord Stream.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos multiplicaram as sanções contra os aliados de Moscou, Venezuela e Belarus. E o envenenamento na Inglaterra do ex-agente duplo Serguei Skripal gerou a maior expulsão recíproca de diplomatas russos e americanos desde a Guerra Fria.

- A decepção de Putin -

Entrevistado pela televisão russa no início de outubro, Vladimir Putin destacou que, com Trump, as sanções afetaram a Rússia em 46 ocasiões.

"É preciso ver as coisas objetivamente", afirmou. "As intenções sobre as quais o presidente Trump falava não se concretizaram", completou Putin.

O Kremlin tampouco prefere Joe Biden, já que a ingerência de 2016 deixou sequelas.

Dada "a retórica democrata dos últimos quatro anos (...), é lógico que exijam um endurecimento das sanções", se voltarem ao poder, afirmou Alexandre Baunov, do Carnegie Center de Moscou.

Agora, diante da possibilidade de uma vitória de Joe Biden, Putin prestou uma homenagem ao Partido Democrata, sigla que, segundo ele, compartilha com a Rússia "valores comuns" e uma "base ideológica".

Ele até deu as boas-vindas ao "candidato Biden", favorável à extensão do tratado de desarme nuclear Novo Start, que expira em fevereiro de 2021. Apesar da aproximação registrada esta semana, as negociações atuais continuam estancadas.

Para os analistas, a homenagem é oportunista: "viu que as pesquisam favorece (Biden)", disse Alexandre Chumilin, da Academia de Ciências de Moscou.

Chumilin acredita que Donald Trump continue sendo o candidato preferido do Kremlin: "Mostrou que não está disposto a reforçar as sanções e até tentou suavizá-las".

Mas Moscou sabe que o inquilino da Casa Branca não é o único ator neste jogo: deve lidar com o Congresso, que há quatro anos complica a vida do Kremlin.

Ao fim, "seja Trump, ou Biden, não acho que haverá uma perspectiva favorável para a Rússia", afirmou María Lipman.

Segundo ela, um "caos pós-eleitoral" seria muito atrativo para o Kremlin. "Os Estados Unidos se concentrariam em si mesmos, e não na Rússia, que se beneficiaria disso", completou.


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