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Estado de Minas

Uma eleição particularmente desafiadora para os canais de televisão dos EUA


25/10/2020 14:13

As redes de televisão norte-americanas se preparam para uma longa noite eleitoral sem precedentes, complicada pela amplitude do voto por correio e a desconfiança crescente em relação à imprensa, com o risco de declarar antecipadamente um vencedor.

Na cabeça de todos os canais está a noite de 7 de novembro de 2000 e as desculpas que tiverem que fazer após o anúncio prematuro de uma vitória democrata no decisivo estado da Flórida. Um verdadeiro pesadelo de credibilidade.

Como em toda eleição, a pressão recairá sobre a "decision desks", equipes de estatísticas e analistas montados por cada rede importante e que alimentam a tela de transmissão com estimativas e resultados.

Essas equipes têm como tradição apoiar-se nas pesquisas de boca de urna para projetar um vencedor, dessa vez com certeza.

De acordo com maioria das estimativas, pelo menos metade dos eleitores já expressaram seu voto antes do dia da eleição contra 14% em 2000.

A votação por correio ou antecipada pessoalmente, que ganharam popularidade antes da pandemia e tem se acelerado no complexo cenário de saúde dos Estados Unidos. A contagem dos votos, dependendo dos estados, pode ser mais demorada que os emitidos diretamente nas urnas.

"Em alguns casos pode ser dias ou semanas, segundo o que vimos nas primárias", disse Joe Lenski, diretor-geral da Edison Research, que contabiliza os dados para os canais ABC, CBS, NBC e CNN, das pesquisas, projeções e contagem, matéria-prima de sua "decision desks".

Lenski, que terá 3.000 pessoas mobilizadas no 3 de novembro, recorda que muitos estados, incluindo os estados-chaves de Wisconsin e Pensilvânia, têm proibido legalmente o início das pesquisas dos votos antecipados antes do dia das eleições.

- "Ser transparente" -

O chefe do escritório da Fox News, Arnon Mishkin, sabe que no decorrer da noite qualquer uma das equipes de campanha poderá dar resultados provisórios, o que "complicaria" o trabalho da mídia, disse ele durante uma entrevista.

Nesse caso, é preciso "concentrar-se no que mostram os números" e omitir o "ruído" midiático, afirmou.

Vanita Gupta, presidente da Associação para a Defesa dos Direitos Humanos Leadership Conference on Civil and Human Rights, mostrou publicamente sua preocupação com a Fox News, canal de notícias de maior audiência nos Estados Unidos e com tendencia conservadora, de que ceda diante de Trump e anuncie prematuramente um resultado.

"A integridade de nossa mesa de decisões é sólida como uma rocha", afirmou a rede de televisão em um comunicado.

Mishkin disse recentemente em um podcast que fazer chamadas será complicado devido aos novos padrões de votação, mas anunciou uma nova ferramenta "que é realmente ótima para medir como as pessoas estão votando em uma eleição onde mais de 60% dos votos não vão sair das urnas no dia das eleições".

Apesar dos esforços, os canais são conscientes de que esta eleição marcada pela pandemia produzirá também um contexto de crescente desconfiança da mídia e após meses de declarações de Trump sobre o suposto, mas nunca comprovado, risco de fraude por voto antecipado.

Nesse contexto, os principais meios de comunicação têm "a obrigação de serem transparentes" e pedagógicos, segundo Feist.

"Nem todas as eleições tem os resultados na noite das eleições, incluindo em tempos normais", alerta Lenski, que recorda que, em 2004, George Bush foi declarado vencedor apenas no dia seguinte ao dia das eleições.


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