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Estado de Minas

Dois senadores democratas no conservador Arizona? A missão de um astronauta


23/10/2020 12:19

Da Estação Espacial Internacional (ISS) ao Senado: o astronauta Mark Kelly lidera uma "missão" política no estado conservador do Arizona, que passa por conquistar com sua eleição a segunda cadeira para os democratas no Senado e estimular a candidatura de Joe Biden.

Há alguns meses, ninguém imaginava que o Partido Democrata teria a chance de vencer no estado de longa tradição republicana. Entre mudanças demográficas e um crescente número de moderados descontentes com o presidente Donald Trump, esse cenário agora é possível.

A campanha de Kelly, um militar da reserva de 56 anos, que serviu por 25 na Marinha e na Nasa (a Agência Espacial americana), é observada com especial atenção, não apenas pelo estímulo que pode dar Biden em sua aspiração presidencial, mas porque seria a primeira vez em mais de 65 anos que o Arizona teria dois senadores democratas.

"Kelly tem muitas chances de vencer", afirma Gina Woodall, professora de Política na Universidade do Estado do Arizona (ASU). "É algo muito importante", completou.

Sua rival é Martha McSally, ex-piloto de guerra que é aliada incondicional de Trump. Atualmente no Senado, ela foi nomeada pelo governador para ocupar a cadeira de John McCain após sua morte, pouco depois de perder em 2018 para a democrata Kyrsten Sinema.

Ela foi a primeira republicana a perder uma eleição para o Senado no Arizona desde 1988 e este ano corre o risco de sofrer uma nova derrota, em meio à luta do partido para manter o controle da Câmara Alta.

"Esta é talvez a disputa mais importante pelo Senado... será crucial", destacou Woodall.

- "Voz independente" -

"A missão vem em primeiro lugar", afirma o site da campanha de Kelly, que tem um link para seu "escritório anterior", a Estação Espacial Internacional, e um vídeo no qual observa fotos de suas viagens, de suas caminhadas no espaço.

"Nunca vi as coisas de uma perspectiva partidária e acredito que o Arizona precisa de uma voz independente que nos represente no Senado", escreveu o candidato.

"Ao contrário do governo federal, a Estação Espacial Internacional não pode interromper as operações apenas porque as pessoas que trabalham ali não se dão bem (...) você tem que trabalhar em equipe para resolver os problemas sem descartar ideias apenas pela ideologia política da pessoa que a propõe".

O discurso é uma mensagem clara para o eleitor médio do Arizona que, tanto democrata como republicano, tende a ser mais moderado, o que os analistas consideram que pode jogar contra McSally, que assumiu a postura de polarização do presidente e, a cada oportunidade, tenta apresentar Kelly como um "esquerdista radical".

Para Richard Herrera, também professor da ASU, a associação com Trump não a beneficia.

"Ela fez isso em 2018 e perdeu, não dá para entender por que acredita que a ajudará desta vez, quando as tendências apontam uma direção oposta", afirmou ao jornal "Arizona Republic".

Entre suas prioridades, Kelly inclui o acesso à saúde, uma bandeira dos democratas na campanha. Também lutará por um controle maior do porte de armas, causa que assumiu depois que sua esposa, a ex-congressista Gabby Giffords, sobreviveu a um tiro na cabeça durante um atentado em 2011.

No entanto, mesmo com a visão moderada, ele disse que é favorável ao porte de armas e inclusive tem uma.

"Ele já disse isso", enfatiza Woodall. "Mas, ao mesmo tempo, tem uma visão mais progressista sobre outras coisas".

Para Woodall, Kelly se beneficia da posição centrista de Sinema, "uma das poucas heroínas bipartidárias que temos no Senado".

E a catapulta também serve a Biden, que pode ser o primeiro candidato presidencial democrata a vencer no Arizona desde 1996 com Bill Clinton.

"A campanha de Kelly está atraindo muitos eleitores democratas. Os registros eleitorais aumentaram nos últimos meses", explica à AFP Samara Klar, professora da Faculdade de Governo da Universidade do Arizona.

"E este apoio a Kelly se traduzirá em votos para Biden", acrescentou.


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