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Estado de Minas

Desinformação, racismo e teorias conspiratórias têm terreno fértil entre hispânicos da Flórida


22/10/2020 15:25

A menos de duas semanas das eleições nos Estados Unidos, teorias da conspiração, racismo contra o movimento social afro-americano e desinformação proliferam entre os eleitores hispânicos na Flórida, especialmente vulneráveis a narrativas como o medo de fraude eleitoral devido às suas experiências em seus países de origem.

Uma possível fraude eleitoral planejada pelos democratas, uma suposta conspiração de judeus, afro-americanos e até gays para interferir nas eleições: essas são algumas das histórias que se espalharam entre muitos eleitores nos Estados Unidos, e entre os latinos da Flórida em particular.

A influenciadora Liliana Rodríguez Morillo é um exemplo. Filha do cantor José Luis "El Puma" Rodríguez e entusiasta de Donald Trump, essa venezuelana residente em Miami reproduziu em seu Instagram uma fotografia de carteiras de habilitação falsas, confiscadas no início do ano em Chicago.

"Todos registrados para votar nos democratas!", escreveu a seus 485.000 seguidores. "Haverá fraude em 3 de novembro? Ou estamos bancando os idiotas? Votar pessoalmente!".

Jornalistas de checagem de notícias, incluindo o PolitiFact, negaram a alegação de que cerca de 20.000 carteiras de motorista - que foram confiscadas - estavam vinculadas aos democratas.

Lizette Escobedo, diretora de engajamento cívico do Fundo Educacional NALEO, uma ONG não partidária que promove a participação política latina, diz que a desconfiança no sistema eleitoral é comum entre os hispânicos da Flórida de ambas as tendências.

O problema, explica, "é que a maioria dos latinos não confia realmente no processo eleitoral. Eles temem que seus votos não sejam contados".

A sua organização procura contrariar esta percepção a nível nacional com mensagens educativas online. "Nesta eleição, a Flórida é nosso maior orçamento digital", disse Escobedo à AFP.

No mês passado, os deputados Debbie Mucarsel-Powell e Joaquín Castro pediram ao FBI que investigasse o aumento da desinformação dirigida aos latinos no sul da Flórida e "considerasse os esforços de atores estrangeiros" a esse respeito.

Muitas dessas teorias da conspiração favorecem o presidente Trump, que aparece praticamente empatado na disputa com o democrata Joe Biden na Flórida, um estado crucial nas eleições que terminam em 3 de novembro.

Os hispânicos da Flórida representam 17% de um eleitorado de 14 milhões de eleitores dominado por exilados cubanos.

- Racismo e antissemitismo -

Escobedo alerta que os latinos são particularmente vulneráveis a desinformações desse tipo porque definem sua posição em relação ao sistema político americano, "com base nos sistemas políticos que possuem em seu país de origem".

A América Latina tem uma longa história de governos autoritários tanto à direita quanto à esquerda, muitas vezes sustentados por eleições que são sinalizadas como fraudulentas.

No entanto, esta é a ponta do iceberg. A desinformação também visa os Bidens, a comunidade judaica e os afro-americanos.

Recentemente, segundo a rádio pública WLRN, o locutor venezuelano Carinés Moncada, da Actualidad Radio de Miami, associou o movimento Black Lives Matter à bruxaria.

"BLM pratica 'black' e quer queimar sua propriedade e matar policiais", disse ele, de acordo com o WRLN, que publica um trecho do áudio. "E Biden apoia essa violação e essa anarquia".

Em seu Facebook, Moncada publica e traduz um texto do News Punch, site conhecido por suas teorias da conspiração, segundo o qual o fundador do BLM pratica bruxaria em uma entrevista onde a ativista Patrisse Cullors disse que o dela era um movimento espiritual .

"Esse tipo de barbárie é repetido constantemente", disse o jornalista Roberto Tejera, da mesma rádio, ao jornal local Sun Sentinel. "É o pão com manteiga da rádio em espanhol".

Em outro episódio em setembro, o jornal local El Nuevo Herald, a versão espanhola do Miami Herald, teve que retirar de circulação um encarte semanal dirigido aos cubanos na Flórida depois que um leitor protestou contra seu conteúdo antissemita e racista.

Um colunista cubano havia escrito no semanário Libre que os protestos da polícia eram "putaria racial" e que os judeus americanos eram "covardes" por apoiarem o movimento afro-americano.

Outro colunista, também cubano, falou dos homossexuais em termos depreciativos e denunciou um suposto "lobby gay" apoiado pelo comunismo internacional.

A Radio Caracol 1260, de Miami, também teve de se desculpar em agosto, depois que a senadora Annette Tadeo chamou a atenção no Twitter para um segmento pago no qual o locutor previa "uma ditadura de judeus e negros" se Biden ganhasse a presidência.

"Essa mensagem nojenta, dita por apoiadores de Trump, foi divulgada hoje no @Caracol1260 em Miami", acusou Taddeo. E acrescentou: "Todos nós - para além dos partidos - temos a obrigação de repudiar e condenar este discurso pró-nazista e racista".


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