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Estado de Minas

Covid-19: cientistas britânicos planejam infectar voluntários para avançar na busca da vacina


20/10/2020 10:25

Pesquisadores britânicos planejam infectar voluntários com o coronavírus para avançar na busca de uma vacina e de possíveis tratamentos contra a doença, anunciaram nesta terça-feira (20), ao apresentar seu estudo como uma inovação mundial.

Já usado para outras doenças, esse método ainda não foi empregado na resposta à pandemia de covid-19, cuja segunda onda atual na Europa causa novos confinamentos em alguns países sem garantia de que uma vacina esteja disponível em breve.

O primeiro passo do projeto, liderado pelo Imperial College de Londres, é analisar a viabilidade de expor voluntários saudáveis de 18 a 30 anos e sem fatores de risco ao SARS-CoV2, o vírus da covid-19.

Essa fase inicial tem como objetivo determinar qual a quantidade de vírus provoca sintomas em uma pessoa, explica o Imperial College em seu site.

Depois, eles estudarão "como funcionam as vacinas no corpo para deter ou prevenir a covid-19, farão uma observação dos tratamentos potenciais e estudarão a resposta do sistema imunológico".

"A nossa prioridade número um é a segurança dos voluntários", afirmou o doutor Chris Chiu, que coordena a pesquisa no Departamento de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres. O especialista destacou que, há 10 anos, sua equipe realiza estudos deste tipo sobre vírus respiratórios.

Os voluntários serão infectados "pelo nariz", o "caminho natural" do vírus, disse Peter Openshaw, co-diretor do estudo e professor de medicina experimental do Imperial College.

"A grande vantagem dos estudos com voluntários é que podemos observar com muita atenção cada voluntário, não só durante a infecção mas também antes da infecção, e podemos controlar o que acontece em cada etapa, inclusive antes de os os sintomas se desenvolverem", acrescentou.

Os voluntários terão de permanecer por duas semanas e meia, "tanto para colher amostras e monitorar seu estado com muito cuidado quanto para garantir a segurança do público", acrescentou.

Essa pesquisa, que representa uma grande fonte de informação, permite trabalhar com um número muito menor de pacientes do que os ensaios clínicos das vacinas, que envolvem cerca de milhares de voluntários.

"Algumas centenas ou poucas dezenas de voluntários" fornecem uma "ideia muito clara sobre se uma vacina funcionará" e "como funcionará", o que ilumina a pesquisa, acrescentou Openshaw.

O especialista, "muito otimista", calcula que as vacinas contra o coronavírus estarão disponíveis no início do próximo ano, em quantidades limitadas, para a população de risco.

Esse tipo de teste, já utilizado no passado no combate a patologias como a febre tifoide e a cólera, levanta questões morais.

"Devem ser cuidadosamente projetados para garantir que aqueles que participam sejam totalmente informados sobre os riscos" e que estes "sejam reduzidos ao mínimo", respondeu Dominic Wilkinson, professor de ética médica da Universidade de Oxford.

Segundo ele, "centenas de jovens no Reino Unido e em outros lugares já se inscreveram para participar".

Esses testes "são éticos se os riscos forem apresentados por completo e se forem razoáveis", acrescenta seu colega Julian Savulescu, que dirige o centro de ética prática da Universidade de Oxford.

"As chances de alguém de 20 ou 30 anos morrer de covid-19 são quase as mesmas que o risco anual de morrer em um acidente de carro", continuou ele. "É um risco razoável, especialmente para salvar centenas de milhares de vidas".

Mas vários cientistas também observam os limites das conclusões que poderiam ser tiradas de tal estudo, precisamente porque se trata de uma população jovem e saudável e porque certos fatores limitam a comparação com a exposição natural ao vírus.


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