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Estado de Minas

Refugiados do Azerbaijão vivem sob terror dos bombardeios


12/10/2020 17:55

O som dos obuses pode ser ouvido ao longe das montanhas de Nagorno Karabakh, ao mesmo tempo em que Gultekin Rakhimova lava três pequenas camisas em um recipiente enferrujado. Ela está fugindo da guerra entre as forças do Azerbaijão e da Armênia.

Seus três filhos pequenos não dormem uma única noite em paz desde que deixaram sua casa bombardeada no lado azerbaijano da fronteira, há duas semanas. A Armênia e o Azerbaijão estão em combate desde o final de setembro pelo controle deste enclave.

"Eles se levantam e gritam. Têm pesadelos porque os mortos aparecem em seus sonhos", conta a mulher de 42 anos, enquanto um dos seus filhos joga bolas perto da escola, no povoado onde foram morar junto a outras pessoas.

"Psicologicamente, eles não estão bem", reconhece.

As autoridades do Azerbaijão organizaram uma rede de abrigos para refugiados vindos das cidades e vilas bombardeadas pelas forças armênias na fronteira com Nagorno Karabakh.

No enclave separatista, os moradores fugiram dos bombardeios do Azerbaijão para se refugiar na Armênia.

O refúgio onde encontra-se Gultekin Rajimova está localizado na aldeia de Otuzikiler, no Azerbaijão. Agora não há mais vaga e já abriga um total de 299 pessoas.

Em meio aos violentos combates que continuam nesta região do Cáucaso, disputada há décadas, a família teve que percorrer 20 km a pé e parte em percurso de carro. Enquanto isso, obuses caíram na estrada, deixando vítimas.

"Pessoas foram mortas nas estradas. Dois de nossos vizinhos foram mortos por um projétil", relatou a aposentada Fatma Suleimanova, enquanto pendura roupas na cerca da escola.

Na escola de Otuzikiler, dos corredores aos banheiros, tudo foi transformado em quartos com camas de solteiro, cada um com colcha usada e sem travesseiro. Um quarto do tamanho de uma pequena cozinha abriga quatro camas para uma família de seis pessoas.

"Abandonamos todos os nossos pertences, tudo o que precisávamos. Claro, é muito difícil. É um fardo pesado", afirma Gultekin Rajimova.

O bombardeio parou quando os beligerantes concordaram com um cessar-fogo humanitário durante as negociações em Moscou no sábado.

A trégua durou pouco, mas ao menos tornou mais fácil para alguns refugiados conseguirem retirar rapidamente alguns pertences.

O cessar-fogo terminou quando um míssil matou dez civis em Ganja, a segunda cidade do Azerbaijão, no domingo.

Mais de 500 pessoas morreram em ambos os lados desde o início do confronto, 60 delas civis, de acordo com estimativas muito parciais.

Entre os refugiados Otuzikiler, percebe-se o cansaço e às vezes a insegurança.

"Claro que queremos ir para casa", ressalta Siafir Baguirova, sentada sob um retrato do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev.

"Estamos hospedados na escola. Como podemos desejar ficar aqui?", questiona.


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