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Estado de Minas

Em Kerbala, os peregrinos choram pelos mortos do passado e pelos de agora


08/10/2020 14:25

Na cidade sagrada xiita de Kerbala, no Iraque, peregrinos lembram o martírio do imã Hussein, neto de Maomé, e neste ano também lamentam as mortes mais recentes do general iraniano Qassem Soleimani e seu tenente iraquiano Abu Mehidi al-Muhandis, que em janeiro morreram em um ataque americano em Bagdá.

O Arbain, um dos encontros religiosos mais importantes do mundo, marca o 40º dia de luto pelo martírio do imã Hussein, neto do profeta Maomé e figura fundadora do Islã xiita.

Neste ano reuniu 14,5 milhões de peregrinos do Iraque e de outros oito países, como Irã, Líbano e países do Golfo.

Porém, depois da morte de Soleimani e Muhandis, "este ano, o Arbain ganha um novo significado", explica Haura al-Mayahi à AFP, em uma parada no caminho com comida e acomodação para peregrinos, organizada por mulheres.

Nos primeiros dias de 2020, um ataque de drone americano matou "Hach Qasem" e "Abu Mehdi" - como os peregrinos os chamam - em Bagdá.

O general Soleimani, arquiteto da estratégia militar de seu país na região, especialmente no Iraque e na Síria, era o responsável pela força Quds, uma formação de elite encarregada das operações estrangeiras da Guarda Revolucionária.

- "Nada vai bem" -

"Esta peregrinação tem um significado espiritual particular porque eles já não estão aqui e sofremos uma grande perda", conta a fiel xiita, coberta da cabeça aos pés por um véu negro que apenas deixa seus olhos a vista.

"E desde que eles se foram, nada vai bem", acrescenta.

Desde janeiro, a tensão entre o Irã e os Estados Unidos vem aumentando. Os dois países, desejando exercer influência no Iraque, várias vezes estiveram prestes a entrar em confronto direto.

Em setembro, Washington ameaçou fechar sua embaixada em Bagdá se os ataques a alvos americanos atribuídos a milícias pró-iranianas não parassem.

Na quarta-feira, um incidente perturbou o Arbain e ameaçou potencializar as tensões já existentes.

Uma procissão de manifestantes com retratos dos "mártires" da "Revolução de Outubro", movimento de protestos sociais que abalou o país no ano passado, não foi autorizada a entrar no mausoléu do imã Hussein e foi dispersada pelas forças de segurança.

Quase 600 manifestantes morreram no ano passado durante a repressão dessa manifestação popular que tomou proporções sem precedentes, e que pedia por uma profunda renovação da classe política iraquiana e o fim da influência de Teerã no Iraque.

- "Vitória" e "homenagem" -

Como todos os anos, Faqar Mohammed participa da peregrinação a Kerbala, apesar dos avisos do governo e das autoridades religiosas para evitar grandes concentrações de pessoas por causa da pandemia do novo coronavírus, que até agora registra 400.000 casos e quase 10.000 mortos no país.

Os países da região só conseguiram enviar 1.500 peregrinos por país ao Iraque este ano, números insignificante em comparação com os quatro milhões de fiéis que chegaram de fora do Iraque no ano passado.

"Colocamos os retratos de Qasem Soleimani e Abu Mehdi al Muhandis em nossa tenda e em todos os lugares porque temos orgulho deles. Eles são os mártires da vitória", afirma Mohammed.

Para muitos em Kerbala, os dois falecidos são os responsáveis pela vitória contra o Estado Islâmico, uma conquista inestimável nesta cidade onde os ataques extremistas contra concentrações xiitas deixaram milhares de mortos.


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