Convalescente na Casa Branca após passar três noites internado, Trump, 74, voltou a minimizar a ameaça da pandemia, enquanto Biden, 77, teve resultado negativo em um novo teste de coronavírus e seguiu percorrendo o país, pedindo para que se "salve a alma dos Estados Unidos".
"Os veículos de notícias falsas só querem falar de Covid-19", queixou-se Trump no Twitter, incomodado porque, segundo ele, os mesmos não mencionam "como a economia está bem". Neste âmbito, no entanto, o mesmo provocou turbulência ao interromper de forma abrupta as negociações com os democratas sobre um novo plano de ajuda para reduzir o impacto da pandemia nos lares e empresas "até depois da sua vitória".
A decisão de Trump fez a bolsa de valores americana fechar no vermelho. Biden não demorou a acusá-lo de "dar as costas" aos americanos.
O dia tumultuado de Trump foi marcado por uma nova pesquisa de opinião favorável a Biden. De acordo com a última sondagem CNN/SSRS, divulgada na manhã desta terça-feira, Biden aparece agora 16 pontos à frente de Trump (57% contra 41% das intenções de voto). Outra pesquisa, da NBC/WSJ, divulgada no domingo, estabeleceu uma diferença de 14 pontos em relação ao rival republicano (53% a 39%).
Nesta terça, na média de pesquisas nacionais coletadas pela plataforma RealClearPolitics, Biden levava uma vantagem de 9,2 pontos. O ex-vice-presidente superou facilmente Trump em várias questões da pesquisa da CNN: na resposta à pandemia de covid-19, o acesso ao atendimento médico, a desigualdade racial e criminalidade e segurança. Na gestão da economia, porém, ficou lado a lado com o presidente.
"As mesmas pesquisas mostraram o presidente perdendo em 2016. Ele ganhou a corrida então, e está fazendo o mesmo agora", afirmou na Fox News Hogan Gidley, secretário de imprensa da Trump 2020.
- 'Forças obscuras' -
Na Pensilvânia, Biden alertou hoje que "forças obscuras" dividem os americanos, e garantiu que, assim que eleito, irá acabar com "o medo e o ódio" que consomem o país.
Em discurso realizado no local da famosa batalha de Gettysburg, da Guerra Civil americana, o adversário do presidente Donald Trump nas eleições condenou o crescimento do nacionalismo branco e afirmou que o país precisa de união.
"Forças obscuras, forças divisórias, forças de ontem estão nos separando e nos segurando", declarou Biden no local onde o presidente Abraham Lincoln pronunciou um inspirador discurso em 1863.
"Não podemos e não permitiremos que os supremacistas brancos acabem com os Estados Unidos de Lincoln, [dos abolicionistas] Harriet Tubman e Frederick Douglass, com os Estados Unidos que são o refúgio e lar para todos, sem importar sua origem", completou.
Biden não mencionou o nome de Trump, mas seu discurso acontece uma semana após o primeiro debate presidencial em Cleveland, no qual o atual presidente não condenou de maneira clara o nacionalismo branco.
O candidato democrata pediu união, após meses de amargas divisões nos Estados Unidos, e se disse "preocupado" com o que vê atualmente no país.
"Os Estados Unidos estão em uma posição perigosa, nossa confiança nos outros está diminuindo, a esperança parece ilusória" e a política já não é mais um fórum para mediar diferenças, mas o campo de batalha de uma "guerra partidária total e implacável", afirmou.
"Em vez de tratar o outro partido como oposição, tratamos como inimigo. Isto precisa acabar", concluiu Biden.
- 'Extremamente bem' -
Trump insistiu em projetar uma imagem de líder intrépido que dobrou a COVID-19, após sugerir que pode ser imune ao vírus e pedir que não se tema o mesmo, nem se deixe dominar por ele.
"EU ME SINTO BEM!", tuitou o presidente republicano. "Desejo que chegue o debate da noite de quinta, 15 de outubro, em Miami. Será genial!", acrescentou, em alusão ao segundo duelo programado com o ex-vice-presidente de Barack Obama.
O médico da Casa Branca, Sean Conley, destacou o bom estado de saúde do presidente um dia depois de retornar à Casa Branca após três dias hospitalizado. "Teve uma primeira noite tranquila em casa e hoje não apresenta nenhum sintoma", disse Conley em um comunicado. "Continua extremamente bem, no geral", acrescentou.
O candidato democrata se opôs a debater com Trump na semana que vem se o mesmo ainda estiver doente: "Espero que todos os protocolos sejam seguidos."
Com mais de 210.000 mortos nos últimos sete meses, a covid-19 caminha para ser a terceira causa de morte nos Estados Unidos este ano. O chefe do estado-maior americano, general Mark Milley, entrou em quarentena, após o número dois da Guarda Costeira, almirante Charles Ray, anunciar que testou positivo para Covid-19. À noite, foi anunciado que um dos assessores mais próximos de Trump, Stephen Miller, também está infectado.
Trump, no entanto, voltou a minimizar a gravidade da pandemia, retomando em um tuíte um de seus antigos argumentos, ao compará-la à gripe sazonal, e assegurou que o país não irá parar.