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Estado de Minas

Estilista japonês Kenzo Takada morre vítima de covid-19


04/10/2020 17:18

O estilista japonês Kenzo Takada faleceu neste domingo (4) aos 81 anos, vítima do novo coronavírus, após uma carreira que "iluminou" a moda francesa com estampas florais e uma alegria serena.

Kenzo Takada, que construiu um império da moda que vai de roupas a perfumes, morreu no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, na região de Paris, devido à covid-19, de acordo com um comunicado.

"Acredito ter trazido liberdade para a moda, na forma de vestir as roupas, de se movimentar, nas cores. A mulher Kenzo é uma mulher livre, bonita e dinâmica", confidenciou recentemente o estilista à AFP.

"Hoje, seu otimismo, sua alegria de viver e sua generosidade continuam a ser os pilares da nossa casa. Sentiremos muito a falta dele", escreveu sua marca no Twitter sobre o fundador.

"Com os seus cortes inventivos, suas inspirações multiculturais e suas estampas tingidas de exotismo, Kenzo inegavelmente ajudou a escrever uma nova página da moda, na qual convergem Oriente e Ocidente", destacou por sua vez a Federação Francesa da Alta-Costura e da Moda.

Sua morte ocorreu em plena Fashion Week na capital francesa, na qual sua empresa apresentou na última quarta-feira sua nova coleção para a próxima primavera-verão.

Nascido em 27 de fevereiro de 1939 em Himeji, perto de Osaka, o tímido jovem Kenzo se apaixonou pelos desenhos e a costura, que eram ensinados para suas irmãs e proibidos para meninos.

Expulso de seu apartamento em Tóquio devido às Olimpíadas, o estilista deixou seu país em 1964 após estudar estilismo. Ele chegou de navio ao porto francês de Marselha em 1965 e ficou fascinado por Paris. Embora estivesse de passagem, ele se mudou em definitivo para a capital da França.

- Uma adaptação difícil -

Porém, sua adaptação foi um desafio, principalmente pela dificuldade de comunicação em francês. "Tudo parecia sombrio para mim, até Saint-Germain-des-Prés", um bairro artístico emblemático de Paris, disse ele em 1999 ao jornal francês Libération.

Mas ele persistiu, batendo na porta de designers para apresentar suas propostas, e começou a colaborar com marcas de prêt-à-porter, como Dorothée Bis, Sonia Rykiel e Cacharel.

Em 1970, lançou sua primeira coleção com o nome de Jungle Jap, criada em uma pequena loja que decorou como uma selva. Seis anos depois, fundou sua própria marca apenas com o primeiro nome.

"Naquela época, os tecidos sintéticos estavam na moda em Paris e as roupas eram quase todas escuras. Aproveitei uma viagem ao Japão para comprar tecidos de algodão coloridos", conta em um livro dedicado à sua carreira.

Suas roupas, inspiradas tanto na moda parisiense quanto nos quimonos japoneses, mesclavam cores e estampas com ousadia. Em seus desfiles, as modelos dançavam e exalavam uma certa alegria de viver, típica do estilista.

Sua primeira linha masculina chegou em 1983 e o primeiro perfume, em 1988. Em 1993, a empresa foi adquirida pelo grupo de luxo LVMH por quase 500 milhões de francos (85 milhões de dólares).

- Festas na Bastilha -

Kenzo Takada se aposentou da moda em 1999 e passou a se dedicar a projetos mais pontuais, como o design de interiores. "Tenho 60 anos e 30 anos de carreira. Há muito tempo queria aproveitar a vida, viajar, ver meus amigos", explicou na época à AFP.

No entanto, ele não se desconectou completamente. Em janeiro deste ano, lançou a empresa de decoração de luxo K-3. "Não devemos esquecer o saber-fazer, o que fazíamos antes", disse, lamentando "a rapidez" com que a moda está evoluindo hoje.

Com "quase oito mil desenhos", o japonês "nunca deixou de celebrar a moda e a arte de viver", afirmou seu porta-voz.

"Ele foi um designer de imenso talento, deu à cor e à luz seu lugar na moda. Paris hoje está de luto por um de seus filhos", escreveu no Twitter a prefeita da cidade, Anne Hidalgo.

Sobre sua vida pessoal, ele sempre foi discreto. Ficou, no entanto, conhecido pelas suntuosas festas que organizou na sua imensa casa em Paris (1.100 m2), na Praça da Bastilha, com uma piscina e dois jardins japoneses. Ele deixou a mansão em 2009, quando aproveitou para se desfazer de seu grande acervo de objetos de arte.

"Agora me sinto mais parisiense do que japonês, mas se eu nascesse de novo, não sei se viveria minha vida em Paris", confessou certa vez ao semanário Paris Match.


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