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Estado de Minas

Farc admitem responsabilidade em crimes que abalaram a Colômbia


03/10/2020 17:31

A ex-guerrilha das Farc admitiu perante a justiça de paz sua responsabilidade em vários crimes que estremeceram a Colômbia, entre eles o assassinato do ex-candidato presidencial Álvaro Gómez, executado por matadores de aluguel em 1995 em Bogotá.

Em um comunicado divulgado neste sábado (3), o tribunal que investiga os piores crimes cometidos durante o conflito armado colombiano informou ter recebido uma carta dos ex-insurgentes na qual se ofereceram a "aportar verdade, esclarecer os fatos ocorridos e assumir precocemente a responsabilidade" em seus casos de grande repercussão.

Entre eles está o assassinato de Gómez e do general reformado do Exército Fernando Landázabal, em 1998; do ex-conselheiro de paz Jesús Antonio Bejarano em 1999 e do deputado anticomunista Pablo Emilio Guarín em 1987.

Também admitiram participação nos crimes de José Fedor Rey (2002) e Hernando Pizarro (1995), que comandaram uma dissidência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Ambos estiveram envolvidos no massacre de Tacueyó, no qual morreram dezenas de guerrilheiros que foram torturados antes para que confessassem a suposta traição à luta rebelde.

- Culpa surpreendente -

O anúncio da ex-guerrilha sobre o assassinato de Gómez causou surpresa em um país que, por muitos anos, pensou que os responsáveis pelo ataque de um dos principais dirigentes conservadores do século XX fossem adversários políticos, aliados a militares e traficantes de drogas.

A justiça declarou o caso "crime contra a humanidade" para evitar que prescrevesse a investigação até encontrar os culpados.

Gómez foi baleado por matadores de aluguel, que atiraram em seu carro na saída da universidade onde ele dava aulas, no norte de Bogotá.

Na quinta-feira, a ex-senadora e conhecida mediadora de paz Piedad Córdoba fez uma advertência sobre o assassinato do ex-candidato conservador.

Córdoba, que participou ativamente do processo de paz com as Farc, antecipou que sabia quem tinha matado Álvaro Gómez e ofereceu dar sua versão à Comissão da Verdade, um órgão extrajudicial que foi criado como parte dos acordos de paz com os guerrilheiros.

A ex-guerrilha, no entanto, pareceu se antecipar à revelação na carta explosiva que enviou à Jurisfição Especial para a Paz (JEP), em 30 de setembro.

A carta está assinada pelos ex-combatentes rebeldes Julián Gallo, Pastor Alape e Pablo Catatumbo, segundo o comunicado difundido neste sábado.

Gallo e Catatumbo representam a ex-guerrilha no Congresso colombiano em assentos que assumiram como parte dos acordos de 2016 que terminaram com um conflito de quase seis décadas.

As Farc, que foram a organização rebelde mais poderosa das Américas depuseram as armas e aceitaram se submeter à JEP em troca de poder atuar na política como partido.

Os comandantes que confessarem seus crimes e repararem suas vítimas receberão penas alternativas à prisão. Se descumprirem seus compromissos, poderão pegar penas de até 20 anos de prisão.

O conflito colombiano deixou mais de nove milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados, que compõem o maior número de afetados pela guerra.

Além das Farc, no conflito interno atuaram agentes do Estado, outras organizações rebeldes, narcotraficantes e grupos paramilitares de ultradireita.

Embora o acordo de paz tenha diminuído a violência, ainda persistem grupos financiados pelo tráfico de drogas, que intensificaram suas ações este ano, deixando centenas de vítimas em uma série de chacinas.


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