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Estado de Minas

Existe risco de guerra em Nagorno Karabakh?


28/09/2020 14:55

O aumento da violência na região separatista de Nagorno Karabakh, apoiada por Yerevan, levanta temores de uma grande guerra entre o Azerbaijão e a Armênia no Sul do Cáucaso, onde a Rússia e a Turquia competem.

Entenda as questões levantadas por este conflito, que envenena a região desde a dissolução da URSS.

- Por que essas hostilidades?

Depois de semanas de retórica belicista, o Azerbaijão declarou que havia ativado uma vasta "contra-ofensiva", alegando que estava respondendo às provocações armadas de Nagorno Karabakh, uma região com maioria armênia que se separou do Azerbaijão.

Esta região, que recebe apoio político, militar e econômico da Armênia, afirma ter sido vítima de agressão, pois Baku tentou retomar o controle desta província desde a guerra de 1988-1994, que causou 30.000 mortes.

Desde então, esta república autoproclamada sem reconhecimento internacional nunca viveu em paz, com frequentes confrontos nas linhas de frente, mas que nunca mudaram o status quo.

De acordo com a especialista Olesya Vartanyan, do Grupo de Crise Internacional, o aumento das hostilidades é explicado desta vez, em particular, pela ausência de mediação internacional recente, e apesar da escalada representada pelos confrontos armados em julho entre a Armênia e o Azerbaijão.

"Esses combates causaram muita comoção e apelos à guerra que infelizmente não foram contidos pela mediação internacional", lamenta.

- Escalada significativa?

A reativação do conflito no domingo em Karabakh é caracterizada por uma maior intervenção militar.

O Azerbaijão realizou bombardeios aéreos, usou artilharia e tanques e afirma ter conquistado territórios.

"Estamos testemunhando ações muito coordenadas em vários lugares na frente com dois campos bem preparados", explica Olesya Vartanyan.

Esses confrontos são menos localizados do que os anteriores em abril de 2016, em Nagorno Karabakh.

"Em 2016, eram principalmente combates entre soldados de reconhecimento. Agora vemos intervenções completas com a grande mídia", diz Gela Vasadze, especialista em Tbilisi, capital da Geórgia.

Os dois lados também decretaram a lei marcial e a mobilização militar, uma "novidade", segundo Vasadze, desde o início dos anos 1990.

Baku também reivindicou a conquista de uma posição-chave que, se confirmada, poderia facilitar o bombardeio de Stepanakert, a capital local.

No entanto, o especialista estima que nenhum dos dois campos tenha "recursos suficientes" para sustentar um esforço de guerra "desse porte por muito tempo".

- Possível propagação? -

Apenas uma profunda incursão militar no interior da Armênia ou do Azerbaijão, e não confrontos na linha de frente, poderia provocar a intervenção direta da Rússia ou da Turquia, segundo Gela Vasadze.

A Turquia poderia ajudar o Azerbaijão por meio de seus acordos militares. Da mesma forma, a Rússia, mais próxima de Yerevan, o faria por meio da aliança militar que a une à Armênia.

"Uma intervenção direta teria poucos benefícios para a Rússia e a Turquia, pois ameaçaria suas relações econômicas", esclarece.

No entanto, Olesya Vartanyan observa que a Turquia está intensificando seu apoio ao Azerbaijão, como visto durante exercícios militares conjuntos em agosto, os maiores organizados entre os dois países.

"Além da entrega de armas, não se sabe que nova ajuda a Turquia estaria disposta a fornecer. Há muitas opções sobre a mesa", avalia.

A Armênia acusou o Azerbaijão de ser apoiado principalmente por mercenários aliados dos turcos na Síria, especialistas militares turcos e pilotos de drones. O Azerbaijão também acusou a Armênia de trazer mercenários.

- Quais são as soluções diplomáticas? -

Para Olesya Vatanyan, somente a mobilização do grupo de Minsk, tradicional mediador que reúne Estados Unidos, França e Rússia desde 1992, pode amenizar as tensões.

"Os diplomatas devem viajar e falar com as duas partes", pondera.

Para Gela Vasadze, ao contrário, seria necessária uma "intervenção reforçada" dos Estados Unidos e da União Europeia no conflito, pois, segundo ele, a Rússia é um jogador duvidoso.

"O objetivo da Rússia não é resolver o conflito, mas, ao contrário, reacendê-lo periodicamente para preservar sua influência regional", opina.


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