Confrontos violentos, com mortos e feridos entre civis e militares, eclodiram neste domingo (27) entre forças do Azerbaijão e separatistas da região de Nagorno-Karabakh, apoiados pela Armênia, que declarou a mobilização geral e a lei marcial.
Em um clima bélico muito tenso, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que seu exército lançou "golpes devastadores" ao inimigo e prometeu "vencer" nesses combates. Já a Armênia declarou a mobilização geral e a lei marcial, e seu primeiro-ministro, Nikol Pashinian, pediu para estarem "preparados para defender a pátria" e também garantiu: "vamos vencer".
Nagorno-Karabakh é uma região separatista do Azerbaijão, de maioria armênia e que conta com o apoio de Erevã - capital da Armênia. No início dos anos 1990, foi palco de um conflito que deixou 30.000 mortos.
Desde então, as autoridades azeris querem retomar seu controle, mesmo que à força. As negociações de paz estão estagnadas há anos.
Um conflito maior entre Armênia e Azerbaijão poderia gerar a intervenção de potências rivais na região, como Rússia e Turquia.
Um porta-voz do Ministério da Defesa azeri anunciou que o Exército de seu país havia conquistado, neste domingo, seis povos sob controle armênio nos combates em Nagorno-Karabakh.
Moscou pediu, neste domingo, o fim dos confrontos em Nagorno-Karabakh, dizendo às partes para "cessarem imediatamente o fogo e iniciarem negociações para estabilizar a situação". Os dois lados se acusam mutuamente de ter lançado as hostilidades.
A União Europeia e França também pediram um cessar-fogo.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, aliado tradicional do Azerbaijão, renovou seu apoio a este país em uma conserva telefônica com seu homólogo azeri.
- Contra-ofensiva -
O Ministério da Defesa azeri indicou em um comunicado que lançou uma "contra-ofensiva em toda a linha de frente" para "acabar com as atividades militares das forças armadas armênias".
"Há mortos e feridos entre civis e militares", declarou a presidência do Azerbaijão, enquanto o mediador público de Karabakh informou sobre "vítimas civis" na população da região.
As autoridades da região separatista de Nagorno-Karabakh decretaram a "mobilização geral". Seu Ministério da Defesa disse ter destruído 4 helicópteros, 15 drones e dez tanques azaris.
O Azerbaijão indicou anteriormente que um de seus helicópteros havia sido abatido, mas que sua tripulação estava a salvo.
A Armênia anunciou a morte de uma mulher e uma criança.
- Um velho conflito -
As duas ex-repúblicas soviéticas estão em conflito há décadas pela região separatista de Nagorno-Karabakh.
Separatistas e azeris se enfrentam com frequência, mas Armênia e Azerbaijão também o fazem diretamente.
Esses dois países já se enfrentaram em julho nos confrontos mais graves desde 2016 e que geraram preocupações sobre a desestabilização da região. Então Rússia, Estados Unidos e a União Europeia pediram a ambos os rivais que encerrassem o conflito, enquanto a Turquia ofereceu seu apoio a Baku - capital do Azerbaijão.
O Azerbaijão possui imensas reservas de petróleo, o que lhe confere grandes gastos militares.
A Armênia, muito mais pobre, é um país mais próximo à Rússia, que tem lá uma base militar.
Moscou vende armas para ambos os países, mas tornou-se um árbitro na região, evitando por enquanto uma guerra aberta.
"Agora estamos muito perto de um conflito em grande escala", afirmou à AFP Olesya Vartanyan, especialista do International Crisis Group, que considera que esta nova escalada é explicada em parte pela falta de uma mediação internacional ativa nos últimos tempos.
"Desde a epidemia do coronavírus, o conflito foi esquecido e os diplomatas já não vão mais a Baku ou Everã, nem mesmo após os confrontos de julho", lamentou a especialista.