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Estado de Minas

O misterioso destino do retrato da mexicana María Félix


24/09/2020 11:37

Diego Rivera refletiu na obra sua paixão por María Félix. Uma pintura a óleo da diva mexicana seminua que desapareceu após a morte de seu último dono, o cantor e compositor Juan Gabriel, há quatro anos.

Consagrado como um dos grandes nomes da pintura mexicana, Rivera não conseguiu, no entanto, roubar o coração de "La Doña", que posou para esta obra em 1949.

O muralista a retratou em um vestido branco sensual, cujos efeitos transparentes mal escondiam sua nudez.

A atriz (1914-2002) não gostou, porque mostrava "pele demais".

"Ele me pintou como quis, nua. Como estava apaixonado", contou Félix em entrevista ao jornalista Jacobo Zabludovsky em 1994, quando já tinha 80 anos.

Seu quarto e último marido, o francês Alex Berger, também não gostava da pintura, cujo paradeiro hoje é incerto após chegar às mãos de um político acusado de corrupção.

"Tem uma perna de pau, parece que está sentada no vaso sanitário, está horrível", evocou a diva do cinema mexicano, citando Berger.

Tal era a inconformidade que Félix certa vez pediu a um funcionário que trabalhava em sua casa para modificar o retrato.

"Mandei ele passar umas pinceladas de branco (...) pra cobrir um pouco", confessou.

A artista finalmente deu a tela a Alberto Aguilera, nome verdadeiro de Juan Gabriel, segundo pessoas próximas ao compositor falecido em 28 de agosto de 2016, aos 66 anos.

Uma foto mostra o "Divo de Juárez", posando em um sofá com a pintura ao fundo.

- Em boas mãos? -

Meses antes de morrer, o intérprete entregou o retrato a seu amigo César Duarte, preso nos Estados Unidos desde julho passado por supostamente desviar US$ 52 milhões de fundos públicos quando era governador de Chihuahua (2010-2016).

"A última notícia que tivemos, foi que o ex-governador estava com a pintura", disse à AFP Guillermo Pous, inventariante da cantora.

Segundo Pous, Juan Gabriel entregou o quadro a Duarte - cuja extradição o México está buscando -, porque sua casa em Guanajuato (centro) estava desabitada e ele temia um assalto.

Segundo ele, a obra está avaliada em sete milhões de dólares.

Pous garante que o político confirmou que estava com a tela, mas, depois de fugir do país, perdeu o contato com ele e teve que pedir a ajuda de um terceiro.

Essa pessoa condicionou a devolução, informou, sem detalhar as exigências.

A obra de Rivera (1886-1957) é considerada um Monumento Artístico, portanto seus proprietários devem notificar qualquer transação e obter licenças para retirá-la do país.

Com talento voraz e temperamento feroz, "La Doña" - de quem o escritor e cineasta francês Jean Cocteau disse uma vez "é tão bela que dói" - tinha o fascínio de gerar mitos ao seu redor, e essa pintura não foi exceção.

"Sabia que suas histórias despertavam grande interesse", diz o cubano Gonzalo Rodríguez, presidente da Fundação María Félix.

Outra versão indica que a artista vendeu o retrato a um médico, e este, ao "Divo", mas o advogado insiste em que foi um presente.

Juan Gabriel compôs para a atriz "María de todos las Marías" e, aos 28 anos, cantou-a no popular programa de televisão "Siempre en Domingo".

Pous e Rodríguez esperam que o retrato apareça para ser exibido ao público.

"Uma obra de uma figura mítica como Rivera, que também está ligada à história de um compositor como Juan Gabriel, tudo isso ligado a María Félix a torna uma peça de valor cultural incalculável", opina Rodríguez.


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