Jornal Estado de Minas

Governo colombiano defende tropa de choque contra decisão que denuncia excessos em protestos

O governo colombiano defendeu nesta quarta-feira(23) sua polícia de choque contra uma decisão da Suprema Corte que reconheceu excessos cometidos na repressão aos protestos.

O ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, rejeitou em vídeo que o esquadrão móvel antidistúrbios (Esmad) incorreu em "excessos" por política institucional e pediu ao Tribunal Constitucional que reveja a decisão da Suprema Corte, que também ordenou um pedido de desculpas.





"A ação da Esmad ocorre exclusivamente diante de ações violentas e irracionais que constituem crimes", enfatizou Holmes Trujillo.

O ministro também afirmou que esquadrões deste tipo atuam em vários países e que o grupo colombiano segue protocolos atualizados "continuamente" para melhorar seu desempenho.

Envolvida no combate ao tráfico de drogas e à guerrilha, a polícia colombiana está sob o controle do Ministério da Defesa. O governo "continuará a enfrentar o vandalismo e todas as formas de violência e terrorismo", lançou o ministro.

O governo do presidente Iván Duque sofre duras críticas pela repressão policial às recentes manifestações.

Dezenas de agentes são investigados por disparar suas armas nos protestos que eclodiram em Bogotá depois da morte de um cidadão após uma violenta prisão policial na capital.

As manifestações deixaram pelo menos 12 mortos, a maioria jovens atingidos por balas. A polícia também foi alvejada nos bairros da capital com pedras e bombas.





O governo denunciou um "plano coordenado" de comandos guerrilheiros urbanos.

Em sua decisão, a Suprema Corte exigiu que o governo regule a atuação da Esmad diante dos "excessos cometidos durante os protestos ocorridos no país a partir de 21 Novembro de 2019 contra as políticas governamentais".

Também determinou a prevenção e punição da "intervenção sistemática, violenta e arbitrária" da polícia antichoque e imparcialidade diante de protestos pacíficos.

O tribunal ordenou ainda a suspensão do uso de espingardas calibre 12, defendidas pelo Ministério da Defesa como armas "menos letais" para enfrentar os distúrbios.

Uma dessas armas foi a que causou a morte do jovem Dilan Cruz durante as manifestações de 2019 contra a política do presidente Iván Duque, que levou centenas de milhares de colombianos às ruas.