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Estado de Minas

Trump ou Biden? Especialistas analisam futuro de sanções contra Venezuela


21/09/2020 18:01

O futuro das sanções de Washington contra a Venezuela está em jogo nas eleições americanas, com a possibilidade de esta política ser usada como parte de uma estratégia mais ampla se o democrata Joe Biden vencer ou de uma reavaliação se Donald Trump continuar na Casa Branca, segundo dois ex-assessores.

"Há espaço para reconsiderar", disse Juan Cruz, ex-assessor da administração Trump para o Ocidente, nesta segunda-feira (21), em debate virtual organizado pelo instituto Wilson Center, com sede em Washington.

O governo republicano mantém uma posição de "pressão máxima" contra o país sul-americano, com uma bateria de sanções para tentar uma mudança de regime sem Nicolás Maduro, sem resultados até agora.

Por sua vez, Juan González, que trabalhou com Biden durante o governo do democrata Barack Obama, afirmou que sanções unilaterais "nunca na História funcionaram para estabelecer uma mudança de regime".

"O que precisamos conseguir é uma forma de pressionar o regime a voltar à mesa de negociações com a oposição, como iguais", defendeu González.

A política dos Estados Unidos, que não reconhece o governo Maduro, como mais de 50 nações, funciona bem em uma campanha eleitoral em que o voto da Flórida é fundamental, um estado onde reside uma importante colônia de venezuelanos que se opõe a Maduro.

Neste bastião, que tem 29 votos no colégio eleitoral, Biden lidera Trump nas pesquisas por 48,6% a 47%, de acordo com o compilado RealClearpolitics.

A obstinada oposição do governo Trump - que anunciou nesta segunda-feira novas sanções, além de restrições que vão de bloqueios a membros do governo a um embargo ao petróleo - não se traduziu em benefícios de imigração para os venezuelanos.

González lembrou que, na semana passada, o Senado, controlado pelos republicanos, impediu a aprovação de uma lei que concederia benefícios de imigração a cerca de 200 mil venezuelanos sob risco de deportação, por meio do Status de Proteção Temporária (TPS), decisão que foi duramente criticada por Biden.

- 'Não há muito mais o que penalizar' -

Nesta segunda-feira, os Estados Unidos anunciaram novas medidas punitivas contra o Ministério da Defesa do Irã e Maduro, impostas sob o nome da ONU, mas o próprio órgão multilateral disse que a decisão não depende de Washington.

O governo dos EUA quer que o Reino Unido, a França e a Alemanha também implementem estas sanções, mas os países as colocam em dúvida, porque decorrem do acordo nuclear com o Irã, do qual Washington se retirou unilateralmente em 2018.

"Nós penalizamos tudo, menos o oxigênio da Venezuela e o sol", disse Cruz, que reconheceu que o governo pesou a mão nas sanções e há espaço para uma reavaliação.

"O que quer que alguém faça ao reconsiderar, é uma oportunidade de envolver o regime em um quid pro quo", disse o ex-funcionário da Casa Branca. Cruz admitiu que "não há muito mais o que penalizar".

Enquanto isso, Gonzalez destacou que é "prematuro" repensar qual será o plano de Biden, já que há uma convocação de eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela para dezembro, boicotadas por cerca de trinta partidos da oposição que as consideram "uma fraude".

"Por causa da forma como as coisas estão acontecendo, as eleições para a Assembleia Nacional não seriam livres ou justas, então um governo Biden não reconheceria os resultados", disse ele, referindo-se a declarações de sua campanha.

O ex-assessor do governo democrata indicou que a situação atual só agravará o sofrimento dos venezuelanos, que sanções unilaterais não são a resposta e que tais medidas "devem ser um instrumento, e não a estratégia em si".

"Joe Biden sempre diz que você nunca encurrala uma pessoa de modo que a única saída dela é passando por cima de você", concluiu.


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