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Estado de Minas

Irã destaca 'isolamento' dos EUA após retomada de sanções


20/09/2020 16:01

O Irã reagiu neste domingo (20), pedindo ao mundo que se una contra as "ações temerárias" dos Estados Unidos, e destacou o "isolamento" de Washington, ao proclamar o retorno unilateral das sanções da ONU contra Teerã.

"Esperamos que a comunidade internacional e todos os países do mundo se oponham a estas ações temerárias do regime na Casa Branca e falem com uma única voz", afirmou o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh, em uma entrevista coletiva em Teerã.

"O mundo inteiro está dizendo que nada mudou", disse Khatibzadeh, acrescentando que as sanções estão vigentes apenas no "mundo imaginário" do secretário Mike Pompeo.

"Isso é muito barulho por nada, e acho que estes são os dias e horas mais amargos para os Estados Unidos", completou.

Apontando que o governo americano está "isolado" e "do lado errado da história", Khatibzadeh sugeriu que os EUA "voltem ao seio da comunidade internacional, a seus compromissos, que pare de se rebelar, e o mundo o aceitará".

Para o presidente Hassan Rohani, "a pressão máxima americana contra o Irã, em sua dimensão política e jurídica, se transformou em isolamento máximo dos Estados Unidos", segundo declarações feitas em uma reunião transmitida pela televisão.

O Ministério russo das Relações Exteriores também reagiu neste domingo, condenando a declaração unilateral dos EUA.

"As iniciativas e ações ilegítimas dos Estados Unidos, por definição, não podem ter consequências legais internacionais para outros países", destacou a Chancelaria russa, em um comunicado.

Aliada do Irã, Moscou acusou os EUA de tomarem uma decisão "teatral" e insistiu em que os comunicados de Washington "não correspondem à realidade".

"O mundo não é um videogame americano", diz o Ministério russo.

"Em agosto, todos dissemos claramente que esta manobra é ilegítima. Washington está surda?", tuitou Dmitri Polianski, embaixador adjunto da Rússia na ONU.

"É muito doloroso ver um grande país se humilhar assim e se opor, em um obstinado delírio, aos outros membros do Conselho de Segurança da ONU", acrescentou.

- 'Retomada' das sanções

Ontem, sábado (19), os Estados Unidos anunciaram, de forma unilateral, que as sanções da ONU contra o Irã voltaram a vigorar e prometeram punir seus violadores. A medida corre o risco de aumentar seu isolamento, assim como as tensões internacionais.

"Hoje, os Estados Unidos dão as boas-vindas à retomada de praticamente todas as sanções da ONU, previamente suspensas, à República Islâmica do Irã", disse ontem o secretário de Estado, Mike Pompeo.

Segundo ele, as medidas "voltaram a vigorar" a partir das 20h, no horário de Washington, D.C. (21h, em Brasília).

O governo de Donald Trump também prometeu "impor consequências" a qualquer Estado-membro da ONU que não cumpra as sanções, apesar de ser um dos únicos países do mundo a considerá-las em vigor.

A ameaça é enorme: aqueles que forem considerados violadores, por parte de Washington, terão seu acesso negado ao sistema financeiro e aos mercados americanos.

"Se os Estados-membros da ONU não cumprirem suas obrigações de aplicar estas sanções, os Estados Unidos estão dispostos a utilizar suas autoridades nacionais para impor consequências por esses descumprimentos e assegurar que o Irã não se beneficie da atividade proibida pela ONU", declarou Pompeo.

O secretário acrescentou que, nos próximos dias, serão anunciadas medidas contra os "infratores".

Pompeo reclamou neste domingo que seus aliados europeus "não levantaram um dedo" para impedir o comércio de armas com o Irã, depois de se recusarem a apoiar o restabelecimento de sanções por Washington contra o ONU contra Teerã.

"Muitas coisas teriam acontecido se as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas não tivessem sido restauradas na noite passada", defendeu-se o secretário de Estado no canal Fox News.

"Os europeus não se juntaram a nós neste assunto", lamentou o secretário de Estado, garantindo que "em privado" esses países dão o seu apoio a Washington. "Eles sabem que estamos certos." "Mas eles não levantaram um dedo", lamentou.

Pompeo advertiu que "as armas que o Irã venderá vão acabar nas mãos do Hezbollah e tornar a vida tragicamente pior para o povo do Líbano", abalado no mês passado por uma explosão no porto de Beirute.

A 45 dias das eleições de novembro, Trump poderá anunciar essas medidas durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira.

Washington está praticamente sozinho: as outras grandes potências, Rússia, China, mas também os aliados europeus dos americanos, questionam esta declaração.

"Qualquer decisão, ou ação, tomada com vistas a reimpor (as sanções) será incapaz de ter efeito legal", afirmaram França, Grã-Bretanha e Alemanha em uma carta conjunta enviada na sexta-feira para o Conselho de Segurança, da qual a AFP obteve uma cópia.

Ontem mesmo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, já havia dito que o iminente restabelecimento das sanções da ONU contra seu país era uma "declaração falsa" de Washington, que ele sabe que não vai acontecer.

O ministro iraniano afirmou ainda que a comunidade internacional é quem deve "decidir o que fazer contra as intimidações" diante das sanções secundárias dos Estados Unidos, garantindo que "isso também se aplicará a eles um dia".

Em meados de agosto, o governo Donald Trump sofreu um revés retumbante no Conselho de Segurança da ONU em sua tentativa de estender o embargo de armas convencionais contra Teerã, que expira em outubro.


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