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Estado de Minas

Entre falta de dinheiro e pandemia, ONU funciona lentamente


18/09/2020 09:43

Reuniões são adiadas, ou acontecem de forma virtual, e os corredores estão vazios. Na sede da ONU em Genebra, a pandemia de covid-19 e a falta de dinheiro acabaram com o frenesi diplomático habitual.

Em tempos difíceis para o multilateralismo e em um mundo abalado por uma das maiores crises de sua história, muitos clamam por uma rápida reativação do mecanismo da ONU para evitar que caia na letargia absoluta.

"A resposta à crise deve ser multilateral (...) Por isso, é fundamental que os organismos internacionais continuem seu trabalho, aderindo aos padrões de saúde", disse esta semana o embaixador da França na ONU, François Rivasseau, durante uma reunião no Conselho de Direitos Humanos (CDH).

"A recuperação é lenta, e estamos começando a nos preocupar", alertou outro diplomata europeu.

Normalmente lotada e muito barulhenta, a cantina dos funcionários da ONU tem sido, nas últimas semanas, um refúgio de paz, assim como o Palácio das Nações que a abriga.

A Suíça, que evitou relativamente a pandemia e não impôs confinamento, relaxou as restrições a ela associadas.

No início de setembro, dos cerca de 2.900 funcionários do secretariado da ONU em Genebra, uma média de apenas 30% trabalhava nos escritórios diariamente.

Em meados de setembro, a ONU pediu aos funcionários em home office que retornassem à sede, mas com um sistema de rodízio, de forma a não ultrapassar 60% do pessoal presente ao mesmo tempo.

O CDH tem sido um dos poucos órgãos da ONU a realizar suas reuniões no Palácio das Nações, graças à tenacidade de sua presidente, a austríaca Elisabeth Tichy-Fisslberger, que estabeleceu um sistema "híbrido". Apenas um representante de cada delegação pode entrar na sala.

A ONU proibiu a realização de dezenas de eventos paralelos, geralmente organizados por ONGs e Estados durante as sessões na sede.

"Desta forma, não é tão inclusivo como a Noruega gostaria", disse Trine Heimerback, representante adjunta da missão norueguesa.

- Multilateralismo bloqueado -

Quanto aos outros órgãos da ONU em Genebra, muitos adiaram suas discussões.

"Sobre o desarmamento, por exemplo, as reuniões anuais foram adiadas", informou outra fonte diplomática europeia.

Outros se recusam a negociar e/ou votar on-line por razões técnicas, ou financeiras. Mas há diplomatas que temem que alguns países queiram aproveitar a pandemia para desacelerar as discussões.

Globalmente, com o virtual, "há uma vantagem, no que diz respeito à pegada de carbono. Mas também está claro que não poder se sentar juntos não é o ideal para negociações políticas difíceis", disse Heimerback à AFP.

"Existe o risco de paralisia da governança. Em certos casos, as medidas sanitárias aplicadas por alguns organismos internacionais parecem mais rígidas do que as suíças", acrescentou o primeiro diplomata europeu a ser citado.

"O multilateralismo parece bloqueado na ausência de uma decisão do secretariado da ONU em Genebra e dos países que são contra", criticou outro diplomata.

Além disso, a ONU também vive uma grave crise de liquidez, com muitos países que não pagaram sua cota anual, o que dificulta a retomada das reuniões.

"Ao contrário do que se possa imaginar, as conferências virtuais são, em si, mais caras do que as presenciais", explicou a diretora de Informação da ONU, Alessandra Vellucci.

Cada reunião virtual, ou "híbrida", representa para a ONU custos adicionais de "vários milhares de francos suíços", associados ao uso de plataformas de conferência on-line e legendadas.

A tradução também fica mais cara, à medida que os intérpretes se cansam mais rápido.

Em última análise, "as restrições de orçamento e de infraestrutura limitaram a conversão das salas de conferência existentes, e apenas quatro delas podem ser usadas para participação remota em reuniões híbridas", resumiu Vellucci.

Devido a essa falta de liquidez, a ONU em Genebra não pode organizar mais de duas reuniões virtuais/híbridas ao mesmo tempo.


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