Jornal Estado de Minas

Pantanal, um tesouro natural ameaçado

Declarado Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e santuário de uma rica fauna, o Pantanal - atualmente vítima de incêndios devastadores - é a maior planície alagada de água doce do planeta, abrangendo áreas no Brasil, Bolívia e Paraguai.





Sua superfície é objeto de controvérsia. De acordo com a revista Ciência Pantanal de 2019, publicada pela WWF, os números, "dependendo da fonte, variam entre 180 mil e 340 mil km2!".

A porção brasileira - nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul - tem 150.355 km2, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A parte boliviana teria 31.898 km2, segundo o Observatório do Pantanal (formado por ONGs), e a parte paraguaia, 42.000 km2, segundo dados oficiais desse país.

Com base nesses números, a área do bioma seria de 224.253 km2, superior à de 19 dos 27 países da União Europeia.

A delimitação é difícil, porque o Pantanal abrange "vários ecossistemas mistos, como florestas de diferentes tamanhos e composições vegetais, savanas úmidas e secas, campos e palmeiras naturais", além de lagoas, cursos d'água e áreas de deposição de sedimentos, explica o WWF.

Apenas 4,6% do Pantanal brasileiro está protegido em unidades de conservação, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

Várias comunidades indígenas vivem no Pantanal.

Sua densidade demográfica é baixa, mas é cercado por importantes centros urbanos, como Cuiabá, capital de Mato Grosso (550.000 habitantes), ou Várzea Grande (253.000), do lado brasileiro.





As principais atividades da região são a pecuária e a pesca.

Aos poucos, um turismo interessado em observar a fauna vai ganhando espaço.

As principais ameaças decorrem da expansão da agropecuárias nas proximidades dos rios, do uso de agrotóxicos, ou da multiplicação de projetos de infraestrutura (hidrelétricas e hidrovias, por exemplo), além do desmatamento e das queimadas descontroladas.

- Riqueza natural -

Os rios inundam 80% do Pantanal na estação das chuvas, começando em outubro. Este ano, o volume pluviométrico foi a metade do habitual, o que favoreceu os incêndios.

O alagamento causa grande concentração de vida animal. Os peixes retidos nos lagos e nas áreas inundadas atraem uma grande variedade de pássaros.

De acordo com o WWF, o Pantanal abriga 656 espécies de aves, 159 de mamíferos, 325 de peixes, 98 de répteis, 53 de anfíbios e mais de 3.500 de plantas.

Algumas espécies da região:

- Onça-pintada (Panthera onça): o maior felino das Américas, classificado como espécie "quase ameaçada" de extinção. A onça-pintada do Pantanal pesa 200 quilos e costuma morar às margens do rio Paraguai, onde se tornou excelente nadadora.

- Sucuri-amarela (Eunectes notaeus): cobra constritiva que pode medir 4,5 metros. Alimenta-se de pássaros, peixes e pequenos mamíferos.

- Jaburu, ou tuiuiú (Jabiru mycteria): ave simbólica do Pantanal, com até 1,5 m de altura.

- Pintado (Pseudoplatystoma coruscans): de até um metro, um dos peixes preferidos dos pescadores pantaneiros.

- Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris): o maior roedor do mundo, vive próximo à água, principalmente em grupos.

- Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare): mede até 2,5 metros, alimenta-se de peixes, pássaros e de pequenos mamíferos.