As novas restrições introduzidas esta semana na Inglaterra proíbem qualquer reunião de mais de seis pessoas, exceto em poucos casos como escolas, escritórios, funerais, ou caça a perdizes, uma atividade apreciada pelas elites britânicas que gerou polêmica.
No país mais afetado da Europa pela covid-19, com mais de 41.600 mortes confirmadas, grandes encontros de amigos, ou de familiares, foram proibidos a partir de segunda-feira (14). Uma exceção foi concedida, no entanto, para atividades esportivas organizadas.
E isso vale para a caça à perdiz, realizada por um grupo de pessoas que, colocadas em linha, avançam atirando para o alto para matar os pássaros.
Essa atividade se popularizou em meados do século XIX na aristocracia britânica e tem sido praticada desde então, em particular pelas elites políticas.
A questão indignou a esquerda, que já criticava o governo de Boris Johnson pelo comportamento elitista e muitas vezes desrespeitoso para com as regras impostas à população.
"Mais uma vez, existe uma regra para os ministros e seus amigos, e outra para nós", criticou Luke Pollard, porta-voz do Partido Trabalhista para questões ambientais, referindo-se à caça.
"Incrível", diz a manchete do tabloide "Daily Mirror".
"As reuniões familiares são proibidas, os vizinhos são chamados para espionar uns aos outros (...) mas não se preocupem, o governo diz que eles podem continuar caçando com 29 amigos", rebateu.
Questionado na rádio privada LBC se uma festa de aniversário poderia ser organizada durante uma caça à perdiz, a ministra do Interior, Priti Patel, respondeu que, "em tese, poderia ser tentado".
Ela defendeu, porém, o estrito cumprimento das regras, mesmo que isso signifique relatar eventuais infrações à polícia.
"Se eu visse aglomerações de mais de seis pessoas, com certeza apontaria", afirmou.