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Estado de Minas

Na Irlanda, coronavírus fecha pubs e obscurece a vida rural


05/09/2020 11:55

Nos pubs de Dunmore, os copos de Guinness estão cheios de poeira e os barris estão vazios. A sobriedade e o tédio tomaram conta dos habitantes, a quem o coronavírus priva da vida social na Irlanda rural.

O fechamento de bares e pubs atinge os 3.000 habitantes da cidade e seus arredores.

Normalmente, os clientes "bebem suas canecas no bar, falam sobre as novidades do dia ou política", explica o gerente do bar, Joe Sheridan, de 49 anos, localizado nesta cidade da região de Galway (oeste).

"Há pessoas aqui que me contam coisas que não contariam ao médico", diz. Com os pubs fechados "você vê no rosto das pessoas a infelicidade".

Fotos de grupo, recordações de esportes e garrafas empoeiradas estão nas paredes do estabelecimento. Tudo isso é testemunho do papel do pub na vida local, como sala de reunião comum e uma discreta catarse coletiva neste canto da Irlanda.

Os pubs irlandeses fecharam em 16 de março, enquanto o país se preparava para enfrentar o coronavírus, que matou 1.777 pessoas.

Após 15 semanas, aqueles que serviam comida puderam reabrir. A reabertura dos que servem unicamente bebidas está prevista para 13 de setembro.

O setor estima que cerca de metade dos 7.000 pubs irlandeses estão fechados.

"A grande maioria desses pubs são pequenos estabelecimentos rurais, de propriedade de famílias, que conhecem seus clientes pelos nomes", enfatizou recentemente o chefe da federação de pubs irlandeses, Padraig Cribben.

Vários deles servem apenas bebidas. Apenas um pub de Dunmore conseguiu reabrir fazendo parceria com um ponto de entrega de comida para viagem.

- Pubs e funerárias -

Historicamente, esses estabelecimentos também servem como mercearia ou loja de ferragens, preenchendo a lacuna de infraestruturas graças aos pequenos comércios e ajuda mútua.

Em Dunmore, há três pubs que atuam como funerárias: quando um cliente morre, organizam o funeral e os companheiros cavam sua sepultura.

"Esse é o 'meitheal'", explica Sheridan, "é uma palavra irlandesa que designa um grupo que se forma para trabalhar voluntariamente em conjunto".

O confinamento "destrói essas tradições que foram construídas ao longo das gerações", lamenta.

A cidade de Dunmore, situada entre campos de vegetação impecável, tem apenas 600 residentes.

Um estrangeiro pode pensar que seus seis pubs travam uma competição feroz, mas Sheridan vê cada um deles como o nó de um ecossistema de apoio.

Nas casas espalhadas nos arredores de Dunmore, os clientes do pub, a maioria homens idosos, passam o tempo sozinhos.

Eles só têm as caminhadas para acabar com a monotonia dos dias, mas com eles há pouca possibilidade de interação social, exceto quando chega o carteiro.

"Aqui não temos escolha a não ser focar nossos olhos nas lâmpadas, como uma mariposa", reclama Brendan Jordan, de 51 anos, cujas visitas ao pub lhe proporcionavam consolo de uma vida parcialmente dedicada a cuidar de uma irmã deficiente.

"Estamos isolados aqui no campo e as pessoas nos ignoram", lamenta John Hussey, um agricultor solteiro de 52 anos. "Tudo morreu nas áreas rurais".


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