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Estado de Minas

Pompeo chega ao Sudão, 1a visita de um chefe da diplomacia dos EUA em 15 anos


25/08/2020 09:49

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chegou ao Sudão nesta terça-feira (25), na primeira visita de um chefe da diplomacia dos EUA em 15 anos, como parte de uma viagem regional para convencer outros países árabes a normalizarem suas relações com Israel, seguindo os passos dos Emirados Árabes Unidos.

Pompeo, que chegou diretamente de Israel em um primeiro voo histórico entre os dois países tecnicamente em guerra, deve se encontrar com o primeiro-ministro Abdallah Hamdok e o general Abdel Fatah Al Burhan, que preside o Conselho Soberano à frente do país, "para manifestar seu apoio a um aprofundamento das relações Israel-Sudão", segundo o Departamento de Estado.

É a primeira visita em 15 anos de um chefe da diplomacia norte-americana a este país, desde a de Condoleezza Rice em 2005, e acontece em condições de segurança reforçada.

É também uma viagem simbólica, já que Pompeo decolou de Israel para o Sudão no "primeiro voo oficial direto" entre Tel Aviv e Cartum. Estes dois países não mantêm relações diplomáticas formais, já que ambos se encontram tecnicamente em estado de guerra.

Durante os 30 anos de Omar al-Bashir no poder, o Sudão acolheu islamistas radicais, em especial Osama bin Laden, que viveu no país de 1993 a 1996 até se instalar no Afeganistão. Por esse motivo, os Estados Unidos impuseram sanções ao Sudão a partir dos anos 1990.

Os contatos entre Washington e Cartum foram-se degradando e, em 1997, suas relações diplomáticas se reduziram ao nível de encarregado de negócios.

A queda de Al-Bashir mudou a situação. Formado em setembro de 2019 após manifestações populares que derrubaram o então presidente, o governo de transição decidiu se aproximar dos Estados Unidos e agir, de modo que o Sudão seja removido da lista de países que apoiam o terrorismo.

No início de agosto, as autoridades sudanesas disseram estarem "prontas para continuar trabalhando com o governo americano, para favorecer um clima que ajude a retirar o nome do Sudão da lista de países que apoiam o terrorismo e a entrar em uma associação [com os Estados Unidos] que beneficiará os dois países".

- Difícil tarefa -

A tarefa não será fácil. A coalizão de partidos e da sociedade civil, que dirigiu o protesto que derrubou Al-Bashir, afirmou hoje que o governo não tem mandato para normalizar as relações entre Sudão e Israel.

"O governo atual é um governo de transição que governa em virtude de um documento constitucional que não tem mandato" sobre a questão da normalização das relações com Israel, afirmaram, em um comunicado, as Forças da Liberdade e da Mudança (FLC), destacando "o direito dos palestinos a sua terra e a uma vida livre e digna".

Ao fim de um encontro em fevereiro deste ano com o general Burhan em Uganda, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que foi acordado "iniciar uma cooperação que normalizará as relações entre os dois países".

Depois disso, o governo sudanês desmentiu que a questão da "normalização" tenha sido abordada.

O porta-voz do Ministério sudanês das Relações Exteriores, Haider Badawi, que surpreendeu em 18 de agosto ao admitir implicitamente contatos entre seu país e Israel, foi destituído no dia seguinte pelo chanceler, que negou suas declarações.

Já Netanyahu celebrou as palavras de Badawi: "Israel, Sudão e qualquer região vão-se beneficiar do acordo de paz e vão construir juntos um futuro melhor para todos os povos da região".

As sanções americanas bloqueiam, porém, qualquer investimento neste país que atravessa uma profunda crise econômica.

A inflação alcança 143% em ritmo anual, e a moeda não para de se desvalorizar frente ao dólar, em um contexto econômico mundial deteriorado pela pandemia de novo coronavírus.


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